O Comitê Organizador dos Jogos de Paris 2024 (Cojop) informou que o orçamento para a Olimpíada de Verão aumentará 10%,, o que representa uma despesa de mais € 400 milhões, “devido à inflação e a despesas antecipadas”. A revisão orçamentária foi divulgada na última terça-feira (22).
“Em um contexto de alta inflação, o orçamento de Paris 2024 será controlado com um aumento contido de cerca de 10%”, disse Tony Estanguet, presidente do comitê, aos membros do Conselho Executivo.
Agora, o objetivo, para o Cojop, é apresentar à sua diretoria, no dia 12 de dezembro, “um orçamento equilibrado”. Há dois anos, o comitê havia economizado cerca de € 300 milhões por conta da pandemia.
Cerimônia de Abertura
O valor atual destinado à organização dos Jogos de 2024 era de € 4 bilhões antes da revisão. Desse montante, 97% vêm de investimentos privados. A construção das obras de infraestrutura é liderada pela Solideo, que tem um orçamento de € 3,7 bilhões, incluindo € 1,6 bilhão de financiamento público.
Segundo o Cojop, grande parte da inflação é causada pela guerra na Ucrânia que gerou aumento nos custos com energia. Outra parte do aumento se deve ao custo da Cerimônia de Abertura dos Jogos, que acontecerá no Rio Sena. Para isso, será necessário um orçamento maior devido ao aumento das despesas com segurança, que deixa a operação mais complexa do que uma cerimônia em estádio.
Outro custo vem de despesas com segurança de dados. Finalmente, outra parcela é com custos especificados como “mal antecipados”. Essa despesa, entre € 30 milhões e € 40 milhões, será para a recolocação dos funcionários do Cojop após a dissolução do comitê, com o fim dos Jogos de Paris 2024.
Patrocínio
Por outro lado, a chegada de patrocinadores, que representam cerca de um terço das receitas gerais do Cojop, está mais avançada do que o esperado, segundo os organizadores. O comitê esperava atingir, até o final de 2022, 80% dos € 1,12 bilhão que pretende alcançar com parceiros comerciais.
“Já chegamos lá. Esperamos até superar 90% com anúncios futuros”, comemorou Michael Aloisio, diretor de gabinete do presidente do Cojop, Tony Estanguet.
O grupo francês LVMH, número um do mundo no setor de bens de luxo e dono de marcas como Louis Vuitton e Sephora, negocia a entrada como patrocinador da competição. Caso feche contrato, isso representaria um aporte de mais de € 100 milhões ao evento.
Ingressos
Os organizadores também estão confiantes de que conseguirão uma boa receita com venda de ingressos. Nos Jogos de Tóquio 2020, as competições foram disputadas com portões fechados ainda devido à Covid-19.
O calendário de provas já foi montado, as arenas de disputa já são conhecidas e a tabela de preços já foi divulgada. No momento, a negociação com o Comitê Olímpico Internacional (COI) é para tentar diminuir a cota destinada à família olímpica, Comitês Olímpicos Nacionais e federações esportivas internacionais. Outra estratégia é também tentar diminuir o número de assentos que precisam ficar vagos por causa da qualidade das transmissões.
Por fim, também se pretende otimizar o transporte. Os organizadores garantem que haverá 40% menos veículos em comparação a Londres 2012. Até o número de tochas que serão utilizadas no revezamento está sendo cortado.
Economia
Apesar de toda essa estratégia, o Cojop ainda não cobrirá essa despesa adicional de € 400 milhões no orçamento. Será necessário consumir parte da reserva de contingência, de € 315 milhões. No entanto, será preservada “a maior parte deste montante para o último ano antes dos Jogos”.
Amélie Oudéa-Castéra, ministra dos Esportes e dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, já havia aventado a possibilidade de utilização de reservas de contingência. Desde a publicação, em julho, do relatório do comitê de auditoria de Paris 2024, que havia advertido para o fato de que as despesas imaginadas para a organização dos Jogos ultrapassaram as receitas previstas, o sinal de alerta não parou de tocar.
“Não haverá imposto olímpico”, afirmou recentemente Emmanuel Macron, presidente da França.
“Nenhuma falha será tolerada, e isso vale para Cojop e Solideo”, disse Michel Cadot, delegado interdepartamental para os Jogos de Paris 2024, em reunião com parlamentares no final de setembro.
“Só gastaremos o que formos capazes de gerar em termos de receita”, reiterou Etienne Thobois, CEO dos Jogos de Paris 2024.