O Sport deu mais um passo rumo ao projeto de se tornar uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF). O time pernambucano promoveu, na noite desta segunda-feira (13), na Ilha do Retiro, um encontro com o Conselho Deliberativo do clube para discutir a questão e sanar dúvidas em relação ao projeto. A implantação da SAF é uma das metas do presidente Yuri Romão, reeleito no final do ano passado.
A apresentação contou com palestra de Rodolfo Riechert, CEO da Genial Investimentos, plataforma de serviços financeiros que tem como meta mostrar a visão do investidor sobre as SAFs, e do advogado especialista em direito desportivo Rodrigo Monteiro de Castro, um dos idealizadores da Lei da SAF, apresentada por Rodrigo Pacheco (PSD-MG), atual presidente do Senado.
“Entendo que um clube do Nordeste só vai conseguir nivelar a competitividade ao lado de um investidor. E esse encontro é uma preocupação que temos de levar transparência para o nosso Conselho. O objetivo foi de fornecer informações sobre a lei da SAF com grandes especialistas da área, de uma forma correta e responsável, mas também com enriquecimento de dados”, explicou Romão.
Modelo de gestão
Foi a primeira vez que esse debate aconteceu com os conselheiros do clube, que tiveram a oportunidade de fazer perguntas aos especialistas. A mesa foi presidida pelo vice-presidente do Conselho, André Fernandes.
“A lei da SAF deve ser compreendida como uma solução, não obrigatória, para os problemas estruturais dos clubes brasileiros”, apontou o advogado Rodrigo Monteiro de Castro.
“Ela medirá o tamanho do sonho ou da perspectiva de cada clube: quem quiser permanecer em crise e numa permanente gangorra financeira, ficará sob o modelo associativo; quem quiser voltar a ser grande, haverá de seguir algum caminho previsto na nova lei”, acrescentou.
Durante a apresentação, foram realizadas demonstrações de como surgiu a lei da SAF, as questões jurídicas, processos e diferenciações de modelos que variam de clube para clube, inclusive com comparativos entre agremiações de fora do país.
Também foram demonstrados os investimentos do mercado do futebol, exploração de novos produtos, formação de novos ídolos e receitas, além de demonstrativos de como o futebol pode ser indutor do entretenimento e de como seria a visão dos investidores sobre o projeto.
“O potencial do mercado brasileiro de futebol é enorme. Mas não podemos continuar com o clube sendo o único ente não privado, vendo a receita sendo dividida entre todos e a ele restar a dívida”
Rodolfo Riechert, CEO da Genial Investimentos
“Formação de novos talentos, novas receitas, com exploração do entretenimento e de novos produtos, mostram que esse é o caminho. Para isso, o ambiente profissional dentro dos clubes precisa ser cultivado”, acrescentou o executivo.
Visitas técnicas
O encontro com o Conselho Deliberativo é uma extensão dos planos de Yuri Romão em obter o máximo de conhecimento possível com especialistas no assunto.
Em janeiro, o presidente do Sport enviou uma comitiva com seus vice-presidentes para conhecer as instalações e os profissionais de Cruzeiro e Coritiba, com o objetivo de trocar informações sobre reestruturação, com pilares para a Sociedade Anônima do Futebol e profissionalização.
“Minha vida corporativa em banco me ensinou que precisamos ter humildade para aprender com erros e acertos com clubes que estão em fases distintas e mais avançadas em relação à SAF”, contou o dirigente.
“Tivemos encontros muito produtivos com diretores de Cruzeiro e Coritiba, e quero fazer minha próxima visita ao Athletico Paranaense, que é considerado modelo de transformação”, completou.
Processo para SAF
De acordo com Romão, o Sport quer fazer todo o processo com calma, mas sem perder tempo. E a prioridade em relação à SAF já foi estabelecida.
“Eu gostaria que, para o ano de 2023, já pudéssemos ter pelo menos a autorização do Conselho. Até por isso estamos levando todo tipo de informação e conhecimento. Precisamos fazer tudo isso com muita cautela e responsabilidade, mas também estar adiantados”, contou o dirigente.
“Não podemos ser omissos e perder tempo. O Sport tem tudo: patrimônio, tradição, torcida e história. Mas temos que avançar e tomar uma decisão, e isso será feito de forma coletiva”
Yuri Romão, presidente do Sport
A transição para um modelo de SAF, porém, deve acontecer de maneira lenta, após um estudo sobre o melhor modelo a ser seguido, adaptado à realidade do Sport e com a busca de um investidor alinhado aos propósitos do clube.
“É um momento importante para a nossa história e fundamental para essa gestão. Por isso, o objetivo de apresentar tudo de forma minuciosa. E qualquer passo além disso só vai acontecer após um amplo debate entre diretoria, conselheiros e torcedores”, finalizou André Fernandes, vice-presidente do Conselho.