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Brax aposta em crescimento de mercado para Série B e mira Band como parceira de transmissão

Em entrevista exclusiva, Bruno Rodrigues, sócio da Brax, disse que sucesso da proposta não depende da queda de um time grande

Guarani, do zagueiro Lucão (à esq.), é um dos times da Série B que integram a Libra - Divulgação / Guarani

Brax Sports Assets, parceira financeira da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) na proposta de direitos comerciais da Série B do Brasileirão feita aos clubes, acredita no potencial de crescimento da competição para justificar o valor de R$ 210 milhões oferecidos em 2023. Em entrevista à Máquina do Esporte, Bruno Rodrigues, sócio da empresa, afirmou que a empresa enxerga o tempo de contrato como um trunfo para realizar um projeto bem-sucedido.

A oferta da Brax para 2023 surpreendeu os clubes, pois é superior aos R$ 208 milhões pagos pela Globo no ano passado, em um campeonato que contou com Cruzeiro, Grêmio, Vasco e Bahia, times de grande torcida, que subiram para a Série A deste ano.

No entanto, a proposta é que as equipes assinem um contrato de quatro anos, o que pode representar um problema para a formação da liga brasileira de clubes, prevista para acontecer em 2025, quando se encerra o atual contrato de direitos de transmissão da Série A do Brasileirão.

“A gente sempre olha os contratos sob a perspectiva de todo o ciclo, daí a importância de um acordo de quatro anos. Para a gente, faz total sentido comprar, e tenho certeza de que a oferta foi superequilibrada”, afirmou Rodrigues.

Para o executivo, para que o campeonato cresça e justifique os investimentos da Brax, não é necessário que a empresa tenha a “sorte” de ver algum grande time cair para a Série B nos próximos anos, aumentando o interesse do campeonato.

“A competição não depende disso. Acreditamos que o ‘produto’ Série B tem esse valor. Um eventual rebaixamento de algum clube grande aumenta a atratividade, mas não contamos com isso no nosso plano de negócios, sinceramente”, disse Rodrigues.

Liga Forte Futebol

Os clubes da Série B que integram a Liga Forte Futebol (LFF) tomarão posição em grupo na reunião da CBF, marcada para esta quinta-feira (9), para responder à entidade se aceitam a proposta da Brax.

A Série B conta com 12 times que integram a LFF: ABC, Atlético-GO, Avaí, Ceará, Chapecoense, CRB, Criciúma, Juventude, Londrina, Sport, Vila Nova e Tombense. Já a Liga do Futebol Brasileiro (Libra) tem sete equipes na segunda divisão: Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Ponte Preta, Sampaio Corrêa e Vitória. O Botafogo-SP é o único clube que não aderiu a nenhum dos grupos.

O problema para as equipes da LFF é que já foi assinado, no mês passado, um acordo com a Life Capital Partners e a Serengeti Asset Management para a venda de 20% da futura liga brasileira de clubes.

Pelo contrato, o pagamento pode chegar a US$ 950 milhões (R$ 4,97 bilhões), caso haja a participação de pelo menos 36 dos 40 times das Séries A e B. Atualmente, porém, a LFF conta com apenas 21 agremiações, que integram as duas principais divisões do Brasil.

Libra

Já para a Libra, que tem um pré-acordo firmado com a Mubadala Capital, ceder dois anos de direitos da Série B não é um grande empecilho. O contrato está em fase de ajustes e só deve ser assinado dentro de alguns meses. Segundo a Máquina do Esporte apurou, como o acordo é válido por 50 anos, os times da Libra não veem grande problema na cessão de duas temporadas da Série B para a Brax.

Mesmo assim, times ligados à Libra ainda estudam se um contrato de quatro anos é o melhor modelo a ser adotado.

“Os clubes ainda estão discutindo, em conjunto, para encontrar um melhor caminho. O ideal, de acordo com o nosso posicionamento, seria um contrato de dois anos para que o próximo ciclo seja negociado através da Liga”, ponderou Ricardo Moisés, presidente do Guarani.

“No entanto, esse período de transmissão não atraiu o interesse de investidores. Esta é uma decisão que definirá o futuro das equipes da Série B, então é preciso analisar com muita cautela para debatermos os prós e contras de cada cenário”, completou.

Direitos de TV

Caso a proposta seja aceita pelos clubes, a Brax pensa em renovar parceria com a Band para a transmissão do campeonato na TV aberta. A empresa já fez um acordo com a emissora paulista para a exibição do Cariocão 2023 sem receber um valor fixo. O modelo adotado foi a divisão entre as parceiras dos ganhos com a venda de cotas comerciais do torneio. A Band também ampliou a visibilidade do torneio ao mostrá-lo para todo o país.

“Antes de mais nada, os clubes precisam aceitar a nossa oferta. Não dá para a gente fechar parcerias sem efetivamente ter os direitos. Se conseguirmos fechar negócio, a Band é, sim, um player que poderá estar com a Brax em mais essa empreitada”, admitiu Rodrigues. 

“Nossa relação é ótima, e estamos muito satisfeitos com a parceria do Campeonato Carioca”, finalizou.