A Copa do Mundo é um negócio que envolve algumas das maiores empresas do planeta e movimenta milhões em audiência, espectadores e receitas. E tudo isso pode ser posto em xeque por uma pequena crise local. Funcionários da empresa responsável por segurança em alguns estádios da competição reclamam dos baixos salários e entraram em greve nesta semana, criando risco para o esquema planejado pela Fifa para o evento. Ao menos quatro cidades que recebem jogos da Copa do Mundo (Durban, Cidade do Cabo, Port Elizabeth e Johanesburgo) já presenciaram protestos de trabalhadores que estavam encarregados da segurança em estádios. Em geral, as reclamações desses funcionários variam entre a falta de pagamento ou salários abaixo do piso combinado. Em Durban, a manifestação de trabalhadores das empresas de seguranças motivou um confronto com a polícia local, que usou balas de borracha e bombas de efeito moral. O conflito culminou com dois feridos. Também houve um ferido em protesto organizado na Cidade do Cabo na última quinta-feira. A manifestação lá motivou outro confronto entre público e polícia, e sete dos reclamantes foram presos. A crise de segurança que a Copa do Mundo vive já mudou até uma regra básica de planejamento da Fifa. A entidade exige que países que sediam o torneio contratem empresas privadas de segurança para trabalhar no interior das arenas ? ela não tolera o uso de policiais militares nessa função. Com a greve, a primeira reação da Fifa foi acionar seus voluntários. O grupo de trabalhadores da entidade precisou fazer controle de público e orientar fluxo de pessoas em algumas partidas desta semana. Outra decorrência da crise foi a convocação da polícia local. Oficiais passaram a desempenhar funções que anteriormente seriam limitadas a empresas privadas, como o cuidado com o interior de estádios. Rich Mkhondo, porta-voz da Fifa, aproveitou um briefing de mídia nesta sexta-feira para rechaçar um incremento no investimento da entidade em segurança na Copa do Mundo de 2010. ?Estamos tentando resolver esses problemas, não fazer publicidade. Existe uma disputa entre as duas partes [funcionários e empresas], e isso é um problema público que nós precisamos contornar?, admitiu o funcionário da entidade.