A Adidas promoveu evento nesta segunda-feira, em Johanesburgo, para falar sobre a participação dos ex-jogadores Lucas Radebe e Zinedine Zidane em uma clínica de futebol da empresa na cidade. Além disso, aproveitou o fato de a data preceder o confronto entre as seleções dos dois (África do Sul e França, respectivamente) na Copa do Mundo de 2010. A companhia só não contava com o desvio de foco causado pelas crises nas duas equipes.
O problema na África do Sul é técnico. A seleção anfitriã da Copa do Mundo de 2010 empatou com o México na estreia, foi superada pelo Uruguai na segunda rodada e agora corre sérios riscos de ser o primeiro time da casa eliminado em uma primeira fase do torneio.
A campanha negativa da África do Sul ameaça até o trabalho do técnico brasileiro Carlos Alberto Parreira, campeão mundial com a seleção brasileira em 1994. A pressão chegou a ponto de o nome do comandante passar a ser questionado abertamente por jornais locais.
Com tudo isso, porém, a situação da África do Sul ainda é bem menos complicada do que a crise enfrentada pela França. Nos últimos dias, a atual vice-campeã mundial viveu lista de polêmicas que incluem a dispensa do atacante Nicolas Anelka, o pedido de demissão do chefe de delegação, um desentendimento entre o capitão da equipe e o preparador físico, discussão entre jogadores e um levante do elenco contra a federação local – os atletas se recusaram a treinar por conta do corte de Anelka.
As crises de África do Sul e França concentraram a entrevista coletiva desta segunda-feira. Radebe e Zidane falaram pouco sobre favoritos ou o que esperam para os próximos jogos da Copa do Mundo, e grande parte de suas respostas teve como tema a situação das equipes em que atuaram quando eram atletas.
Evidentemente, a pressão foi maior sobre Zidane. Em entrevista trilíngue (espanhol, francês e inglês), o ex-jogador foi questionado sobre a falta de resultados do time nacional, as brigas, a acusação de que existe um traidor e até a participação que ele tem na divisão que existe no elenco.
Zidane chegou a se irritar com uma repórter quando ela perguntou se ele sabia quem era o “traidor” do elenco francês – no último fim de semana, o capitão Patrice Evra disse que havia alguém do grupo trabalhando contra o time e que esse alguém havia passado informações internas à imprensa. Em tom mais exaltado do que no restante da entrevista, o ex-jogador evitou opinar e disse desconhecer bastidores da atual seleção.
Apesar de perguntas e respostas sobre a crise das duas seleções terem concentrado a coletiva, o evento foi montado pela Adidas para falar sobre a participação de Radebe e Zidane em uma clínica de futebol montada pela marca. No último domingo, os dois jogadores conversaram e passaram dicas a 18 meninos da organização não-governamental SOS Children’s Village Ennerdale.