O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, assinou, nesta quinta-feira (30), o decreto de incentivo ao futebol feminino no Brasil. Elaborado pelo Ministério do Esporte, o documento prevê a adoção de uma série de iniciativas que, se vierem a ser implementadas, poderão alterar de maneira significativa a realidade da modalidade no país, especialmente na esfera profissional.
Lula também declarou o apoio de seu governo à candidatura do Brasil para sediar a Copa do Mundo Feminina de 2027, pleito defendido pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Realizado no Palácio da Alvorada, em Brasília (DF), o ato de assinatura do decreto ocorreu durante a cerimônia para recepcionar a taça da Copa do Mundo Feminina 2023, que será disputada na Austrália e na Nova Zelândia, a partir de 20 de julho. O evento contou com a presença da ministra do Esporte, Ana Moser, e do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues. Ambos discursaram antes da assinatura do decreto.
“A CBF está muito feliz com projetos capazes de inserir a mulher no esporte, em especial o futebol, no momento em que nossa seleção de futebol feminino vai disputar uma Copa do Mundo e em que a taça da Copa do Mundo está aqui para ilustrar esse acontecimento”, afirmou Rodrigues.
Detalhes do decreto
Em sua fala, Ana Moser fez uma breve explicação a respeito do decreto que seria assinado por Lula. A norma tem como objetivo promover o desenvolvimento do futebol feminino, tanto o amador quanto o profissional.
O texto assinado pelo presidente estabelece um prazo de 120 dias para a elaboração de um diagnóstico da situação do futebol feminino no país. A partir daí, será elaborado um plano de ações a serem realizadas até 2025, para implantação das estratégias.
Segundo Ana Moser, um dos focos do texto será promover uma maior participação feminina em cargos de gestão no futebol feminino e também em funções estratégicas, como arbitragem, e atuação em comissões técnicas.
O decreto também preconiza a criação de centros de treinamento e de formação para jogadoras, com metodologia e estruturas desenvolvidas especificamente para mulheres. Para salientar a importância da medida, a ministra, que foi jogadora de vôlei, citou o próprio exemplo, dos tempos em que fazia treinamentos originalmente elaborados para atletas masculinos.
“Nosso treino era o mesmo dos homens. Foi assim que eu e muitas outras jogadoras estouramos o joelho”, afirmou.
O texto prevê ainda incentivos para clubes desenvolverem trabalho de formação de atletas para o futebol feminino, além de parcerias com estados, municípios e entidades esportivas para o desenvolvimento da modalidade. Os detalhes dessas iniciativas, porém, não foram apresentados durante a cerimônia. A tendência é que sejam anunciados apenas após a realização do diagnóstico de que trata o decreto.
O combate à violência e ao assédio é outro ponto abordado pelo texto. A ideia é criar mecanismos para prevenir e enfrentar comportamentos intolerantes ou discriminatórios em relação a mulheres e meninas, dentro e fora dos estádios.
Sede da Copa de 2027
Em seu discurso, Lula adotou um tom mais político e centrou sua fala na candidatura do Brasil para sediar a Copa do Mundo Feminina em 2027. A ideia é encabeçada pela CBF. Na avaliação do presidente da República, o país estaria em vantagem nesse pleito, uma vez que já conta com estádios e infraestrutura de mobilidade e hospitalidade, herdados da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.
Lula afirmou que o governo, por meio da presidência, do Ministério do Esporte e do Itamaraty, estará “à disposição da CBF para fazer o que for necessário para trazer a Copa do Mundo Feminina para o Brasil”.
“Será um evento extraordinário e motivador para a construção da consciência política do povo brasileiro, para que entenda a importância da participação da mulher no futebol e em todas as áreas onde ela quiser”, disse o presidente.