Primeiro, eram apenas jogos de basquete entre universidades americanas. Em 1939, veio o primeiro torneio nacional, disputado por oito equipes e vencido por Oregon. A era moderna começou com a expansão para 64 times (hoje são 68) em meados dos anos 1980, o que levou a uma maior exposição na mídia e consequente popularidade. Quase 100 anos depois da criação, o torneio nacional universitário de basquete é uma força entre os grandes eventos do esporte americano. E o evento encontra espaço na mídia não apenas pelos jogos eliminatórios emocionantes, mas também por uma brincadeira de palpites que virou mania nacional.
São 68 linhas horizontais em um diagrama de árvore que vai diminuindo pela metade até chegar em apenas uma linha, que é a grande final. No Brasil, a imagem costuma ser chamada de chave. Nos EUA, é conhecida como “bracket”. E a ideia é apostar em quem vai passar em cada uma das partidas, quem avança por consequência, até chegar ao campeão. Um exercício que a maioria leva na brincadeira, mas que é coisa séria para algumas pessoas. Apaixonado por basquete, Barack Obama preencheu o “bracket” presidencial enquanto esteve na Casa Branca e impulsionou ainda mais a atividade.
O ranqueamento dos times e a proporção de gente que aposta em um ou no outro servem para contar histórias. Como jogam conferências diferentes, times são ranqueados de acordo com a eficiência, que leva em conta os pontos marcados a cada 100 posses de bola, com o devido peso para a força dos adversários e o local das partidas. A definição do “bracket” atrai milhões de telespectadores, assim como os programas que avaliam a progressão da chave durante o torneio. Como muita gente que vê o torneio não acompanha basquete universitário o ano todo, a chave ajuda a entender quais são os bons times, que resultados podem ser considerados surpresas e ainda comparar aquele ano com edições anteriores.
Uma coisa alimenta a outra. A imprevisibilidade das partidas torna a ideia de adivinhar os vencedores muito divertida. E a disputa para saber quem acerta mais resultados, entre amigos, colegas de empresa e outros grupos, deixa os americanos ainda mais animados para ver os jogos. Apenas no site da ESPN, mais de 20 milhões de “brackets” foram preenchidos. Para esse ano, a previsão era de que 68 milhões de americanos apostassem no torneio, com um total de mais de US$ 15 bilhões movimentados em torno do que alguns consideram mero chute e outros tratam quase como ciência.
Sergio Patrick é especializado em comunicação corporativa e escreve mensalmente na Máquina do Esporte