O futebol feminino vem ganhando espaço na mídia nos tempos mais recentes. De alguns anos para cá, passou a estar em noticiários das mais variadas emissoras de TV, depois passou a ter transmissão em plataformas pagas, para finalmente chegar à TV aberta, inicialmente com a Band e, a partir deste ano, pela principal emissora do país, a TV Globo.
Estamos acompanhando também um maior interesse por parte das marcas em se aproximar e apoiar o futebol feminino. Marcas que hoje patrocinam clubes, federações, campeonatos e também buscam se associar às atletas que vêm se destacando neste universo.
Esses ainda são os primeiros passos para o crescimento do futebol feminino no Brasil, modalidade que tem muito mais destaque em países como Estados Unidos, Reino Unido e Japão, entre outros. Não por acaso, atualmente, esses são os grandes nomes e maiores adversários para a nossa seleção na Copa do Mundo que começa no mês que vem.
Precisamos incorporar o futebol feminino no nosso dia a dia. O noticiário tem que dar mais exposição a elas. Os jogos precisam ter mais transmissões nas diferentes plataformas, TV aberta inclusive, e o apoio das marcas não pode apenas acontecer quando estamos próximos de um evento especial como é a Copa do Mundo. As plataformas de streaming e influenciadores precisam também apoiar e expor estes eventos, não só em ano de Copa, mas também ao longo de todo o ciclo. Todo esse apoio e visibilidade devem ser contínuos para que os resultados internacionais também apareçam e as meninas do Brasil possam ter o mesmo sucesso que a seleção masculina.
Pela primeira vez na história, tivemos uma cobertura massiva da convocação da seleção feminina. O momento é bom, positivo, o esporte feminino deve aproveitar a Copa do Mundo para crescer ainda mais, mas não pode parar por aí. Não podemos perder oportunidades como no passado, em que tivemos Gustavo Kuerten como número 1 do ranking mundial da ATP, mas o tênis não continuou o seu desenvolvimento.
Temos, a cada ciclo olímpico, nomes incríveis e histórias de superação com atletas que não têm apoio e visibilidade ao longo de todo o ciclo, mas que conseguem resultados inacreditáveis. Viram notícia durante os Jogos Olímpicos, mas depois ninguém mais fala deles.
Exemplos? Temos vários.
Isaquias Queiroz na canoagem, Arthur Zanetti e Rebeca Andrade na ginástica artística, Sarah Menezes no judô e a “Fadinha” Rayssa Leal no skate conseguiram quebrar um pouco essa barreira e permaneceram por mais tempo na mídia. Rayssa, aliás, conseguiu algo até maior, que foi o aumento do interesse da mídia pelo seu esporte, ampliando a visibilidade em todas as plataformas. Foi a partir dos Jogos Olímpicos de Tóquio que o skate ganhou lugar definitivo até na TV aberta, o que era impensável antes da medalha de prata dela e também das outras medalhas da modalidade, conquistadas por Kelvin Hoefler e Pedro Barros.
Hoje em dia, temos quase dez canais lineares que dedicam 100% da sua programação ao esporte, além de plataformas de streaming que contam com espaço “infinito” na programação. Não consigo acreditar que não haja espaço/interesse por outros esportes além do futebol (masculino). Na verdade, há interesse, mas precisa ser fomentado. As marcas também devem continuar apoiando para que a visibilidade possa aumentar. É dessa forma que conseguiremos melhorar ainda mais os resultados dos nossos atletas em eventos ao redor do mundo. Atualmente, os resultados vêm de forma praticamente milagrosa. Mas tenho certeza de que, com o apoio devido de patrocinadores e da mídia, eles poderão ser ainda melhores.
Que a seleção feminina consiga, neste ano, trazer para casa sua primeira estrela. Ela será muito mais significativa do que um eventual hexa em 2026.
Evandro Figueira é vice-presidente da IMG Media no Brasil e escreve mensalmente na Máquina do Esporte