Nada repercutiu tanto na Coreia do Sul nesta terça-feira quanto o ataque da Coreia do Norte à ilha de Yeonpyeong. Do outro lado do mundo, no Brasil, representantes do país que sofreu a investida ainda tentavam entender as consequências do ato. Não apenas para as relações entre os dois países, mas para o projeto sul-coreano de sediar a Copa do Mundo de futebol em 2022.
O principal temor dos sul-coreanos é o quanto a campanha do país aposta no contexto político como argumento para receber a Copa do Mundo. O slogan do projeto é “Paixão que une”.
“Nós ainda não sabemos o que vai ser. É possível que exista um impacto negativo, sim. A eleição vai acontecer no dia 2 de dezembro, daqui a pouco tempo. Isso [o ataque] ainda vai ser um assunto muito presente”, admitiu Hyo Jin Ahn, membro do bureau de relações internacionais da candidatura sul-coreana.
As duas coreias foram separadas depois de uma guerra entre 1950 e 1953. Desde então, o relacionamento entre os países nunca foi extremamente próximo. No entanto, as dezenas de projéteis disparados nesta terça-feira configuram a investida mais hostil entre eles desde o período bélico.
No ataque, pelo menos dois soldados morreram e outros 15 ficaram feridos. A Coreia do Norte disse, segundo a agência oficial KCNA, que os vizinhos do sul haviam atacado anteriormente.
“O relacionamento sempre foi complicado, mas nunca houve um período tão bom como o dos Jogos Olímpicos de Seul [1988]. Um evento desse porte serve para unir os povos”, admitiu Jin Ahn.
A pressão criada pelos ataques, portanto, é vista como incógnita por representantes do projeto sul-coreano. A ruptura com os vizinhos do norte pode representar o fim da imagem de união que o projeto tentou criar ou pode mostrar aos votantes da Fifa o quanto é necessário criar um ambiente que propicie relação entre os países.
Caso a Coreia do Sul seja eleita sede da Copa do Mundo de 2022, o país pretende realizar jogos na Coreia do Norte e levar parte dos benefícios do evento para a vizinha.
A Fifa anunciará no dia 2 de dezembro os países que receberão a Copa do Mundo em 2018 e 2022. A Coreia do Sul concorre apenas ao segundo evento, assim como Qatar, Japão e Austrália. Estados Unidos, Bélgica/Holanda, Espanha/Portugal, Inglaterra e Rússia postulam qualquer uma das edições.