A Associação dos Tenistas Profissionais (ATP) e a Associação de Tênis Feminino (WTA) estão discutindo uma fusão entre o circuito masculino e o feminino da modalidade, segundo informações do diário britânico The Telegraph.
Executivos e representantes de torneios farão uma reunião de cúpula de dois dias, em Londres, no final de setembro, para discutir o potencial de promover um circuito unificado.
A cimeira, que teria sido convocada pelo presidente da ATP, Andrea Gaudenzi, e pelo diretor executivo da WTA, Steve Simon, tentará estabelecer as bases para um acordo que, segundo o jornal inglês, verá ATP e WTA trabalharem “cada vez mais próximas”.
Não está claro se há opositores à fusão, mas o The Telegraph observou que os tenistas estão menos entusiasmados. Atualmente, a distribuição de prêmios em dinheiro é igual nos torneios de Grand Slam (Australian Open, Roland Garros, Wimbledon e US Open). Essas competições permaneceriam separadas de qualquer circuito unificado.
Os homens, porém, ainda ganham cerca de 75% a mais do que as mulheres em premiações nas demais competições do calendário. Se os circuitos se tornarem um só, os tenistas temem que perderão dinheiro com a redistribuição do dinheiro, agora de maneira igualitária.
Valor comercial
Gaudenzi e Simon podem argumentar que, se o circuito internacional de tênis for unificado e tiver capacidade de agir de forma mais coesa, aumentará o valor comercial da modalidade.
Há anos se fala em uma possível fusão entre a ATP e a WTA. Em 2019, a então presidente da WTA, Micky Lawler, afirmou que consolidar as duas entidades como um único órgão seria do interesse do tênis.
Roger Federer apoiou a causa, publicando um tuíte, em abril de 2020, questionando: “Só estou pensando… Será que sou o único que pensa que agora é a hora de o tênis masculino e o feminino se unirem e se unirem como um só?”.
Billie Jean King, outra lenda do tênis e fundadora da WTA, também pediu a união: “Vamos fazer acontecer”.
Dificuldades
Um circuito unificado seria vantajoso para a expansão comercial do tênis em nível global. No entanto, a curto prazo, esbarra em alguns problemas. Em primeiro lugar, cada entidade tem seus próprios patrocinadores e parceiros de transmissão de TV.
Outro empecilho é que alguns torneios podem não ter capacidade financeira e de logística para serem ampliados para disputas masculinas e femininas.
Arábia Saudita
Outro problema a ser discutido é em relação aos investimentos pesados da Arábia Saudita no esporte. O Fundo de Investimento Público (PIF), ligado ao governo saudita, lançou uma nova empresa de investimento esportivo que busca acelerar o crescimento de diversas modalidades na região do Mena (Oriente Médio e Norte da África). O tênis é um dos esportes em que os sauditas querem ganhar mais relevância.
Em agosto, a ATP já confirmou que Jedá, na Arábia Saudita, será sede, entre 2023 e 2027, do Next Gen ATP Finals, torneio que reúne os sete melhores tenistas de até 21 anos da temporada e mais um convidado. A competição, criada, em 2017, foi disputada em Milão, na Itália, até a temporada passada.
A aceitação do dinheiro saudita, porém, é mais criticada na WTA. A entidade chegou a pensar em programar o WTA Finals para Riad, capital do país, mas sofreu uma enxurrada de críticas por causa das denúncias de violação de direitos das mulheres e da população LGBTQIAP+ na Arábia Saudita. Os ex-tenistas Chris Evert e John McEnroe foram duas vozes que se levantaram contra o dinheiro saudita. O escocês Andy Murray, ex-número 1 do mundo e que ainda atua no circuito, endossou as críticas.
Segundo o The Telegraph, o torneio poderá ser realizado na República Tcheca ou no México. A WTA possuía contrato com Shenzen para realizar a disputa na China até 2030. No entanto, a pandemia cancelou a edição de 2020. Em 2021, o evento foi para Guadalajara, no México. No ano passado, Fort Worth, nos EUA, acabou sendo a sede. Assim, outra opção é que a competição retorne à China neste ano.