O Ajax deu início à era das arenas quando inaugurou seu novo estádio nos anos 1990, em Amsterdã. Mais do que campos de futebol com arquibancadas, esses novos prédios serviriam para muitas outras coisas.
Além de shows e outros eventos no gramado, as demais áreas passaram a abrigar lojas, restaurantes e muitas outras atividades que dariam aos projetos um faturamento muito maior do que se ficassem relegados apenas aos dias de jogos. Nas últimas décadas, vivemos o aperfeiçoamento dessas arenas com mais conforto para os espectadores, telões gigantes e de altíssima definição, tetos retráteis, a comida melhorou, e o celular entrou na jogada.
Agora parece que estamos entrando em uma nova era. A inauguração da Sphere, em Las Vegas, foi um dos assuntos mais comentados aqui nos EUA nas últimas semanas. A novidade já impressionava do lado de fora. A fachada da arena é uma tela gigantesca em forma de esfera que pode se transformar no que a imaginação quiser, da lua a uma bola de basquete. É a maior construção esférica do mundo.
Com os shows da banda irlandesa U2, que abriram a casa, ficou claro o potencial também do lado de dentro. A parte interna é quase toda formada por telas de alta definição que dão a impressão de colocar o público em uma grande viagem. É um nível de imersão visto apenas nos parques de diversão da Flórida.
O presidente do UFC, Dana White, já demonstrou interesse. Há ainda a possibilidade de lutas de boxe e jogos de hóquei serem levados para lá. Até a Fórmula 1 usará o espaço como parte do GP de Las Vegas.
Embora a ideia em si não seja difícil de copiar, a execução é muito complexa e cara. A Sphere custou mais de US$ 2 bilhões. Para que as projeções tenham o efeito desejado, foram criados equipamentos próprios para a captação de imagens que se encaixam no formato do prédio.
Mas o sucesso do espaço para shows pode ser um problema para o esporte encontrar datas para realizar seus eventos, especialmente se pensarmos em um time jogando toda a temporada no local. A verdade é que, mesmo antes de ter o seu primeiro evento esportivo, a Sphere já mudou o jogo para o esporte. É questão de tempo para que as experiências imersivas passem a fazer parte dos eventos esportivos.
Sergio Patrick é especializado em comunicação corporativa e escreve mensalmente na Máquina do Esporte