A Kantar Ibope Media lançou, nesta terça-feira (7), o estudo Media Trends & Predictions 2024, no qual aponta tendências do mercado de mídia nos mais de 80 países em que atua.
Entre as previsões estabelecidas pelo relatório estão a presença cada vez mais forte da inteligência artificial (IA) para ditar os caminhos do mercado, a estruturação de modelos de negócios diferenciados de acordo com o país em que as empresas de mídia atuam e mais passos do mercado de streaming em direção à segmentação.
Para a Kantar Ibope, o uso de ferramentas de inteligência artificial será cada vez mais comum em empresas de mídia e na publicidade para oferecer conteúdos personalizados aos usuários.
“Pelo menos no espaço de mídia e publicidade, a realidade mostra alguma progressão mais modesta além de um corpo de trabalho existente, mas, ainda assim, é empolgante. Certamente, o processamento de linguagem natural (PLN), tecnologia que sustenta o ChatGPT e a Bard, já está aprimorando a personalização e o envolvimento do conteúdo, gerando notícias personalizadas, melhorando os chatbots e fornecendo anúncios melhor direcionados” afirma o estudo.
Essas ferramentas, após o boom experimentado em 2023, devem se tornar cada vez mais sofisticadas no intuito de individualizar a audiência, algo que também traz repercussões para as transmissões esportivas.
Por outro lado, o relatório alerta que algumas ferramentas de experiências tecnológicas terão popularização mais lenta do que se pensava. É o caso, para a Kantar Ibope, de mecanismos de realidade virtual, metaverso e NFTs.
“Na verdade, com menos cobertura da mídia focada no metaverso, isso poderia ser visto como um exemplo de como existe uma tendência a uma expectativa de curto prazo entre os profissionais de marketing, que muitas vezes podem perseguir uma coisa nova brilhante, apesar dos avisos de que ela ainda não está pronta ou que, no momento, o público não está interessado nela”, destaca a pesquisa.
Segundo o relatório da própria Kantar Ibope do ano passado, 61% dos profissionais de marketing previram que aumentariam os gastos nesses meios de interação em 2023. No entanto, o aumento líquido no setor foi de apenas 12%.
Dados
Outra tendência dos últimos anos que se aprofundará em 2024, segundo a Kantar Ibope, é o uso de dados para aprimorar a experiência com o público.
“Ao compreender padrões históricos e pontos de dados atuais, as empresas de mídia e publicidade terão cada vez mais condições de prever tendências futuras, permitindo que elas produzam conteúdo e campanhas que repercutam mais profundamente com seu público-alvo. As empresas podem continuar a desenvolver estratégias mais proativas e adaptativas na criação de conteúdo e publicidade”, analisa o estudo.
Esse conjunto de informações fará com que as empresas possam fornecer conteúdos que produzam estratégias mais específicas e eficientes para suas audiências.
Modelo de negócio
Para o estudo, o modelo de negócio seguido pelas plataformas de streaming variará muito de acordo com os locais em que atuam. Plataformas pagas, como Netflix e Amazon Prime Video, estão consolidadas no mercado. No entanto, cresce, em países emergentes ou que sofrem os efeitos conjunturais da inflação, os canais gratuitos, financiados por anúncios.
Em locais como Dinamarca, Noruega, Suécia, Espanha e Reino Unido, o público está mais propenso a seguir o modelo de assinatura paga. No entanto, a preferência por plataformas gratuitas não é exclusiva de países menos desenvolvidos, como o Egito. Países com grande crescimento econômico recente, casos de Taiwan e Hong Kong, ou com alto grau de desenvolvimento, como o Japão, possuem uma audiência que também prefere esse modelo.
“Em 2024, as plataformas que buscarem crescimento precisarão continuar a considerar as nuances regionais e a encontrar estratégias de preços para corresponder às preferências dos assinantes”, afirma o relatório.
Segmentação
Por fim, para que as empresas de streaming experimentem aumento de público, será necessário, cada vez mais, o estudo das características regionais nos mercados em que atuam.
“Em 2024 e depois disso, elas precisarão se aprofundar mais, conhecer as atitudes e os hábitos reais de consumo de vídeo das suas audiências, dentro e fora dos limites de sua própria plataforma”, ensina a Kantar Ibope.
Para o instituto de pesquisa, não basta estudar apenas quais conteúdos geram repercussão em suas audiências. É preciso saber também como precificar os conteúdos, independentemente do modelo de negócio que adotem.
“Em essência, o sucesso global no domínio de streaming exige uma estratégia localizada. As empresas precisam moldar suas ofertas, desde a criação de conteúdo até os preços e táticas promocionais, para se adequarem às características distintas do cenário de cada região. Só então elas poderão esperar capturar um público global diversificado e multifacetado”, enfatiza o estudo.