A Globo foi enfática: depois de um grupo de equipes ter anunciado que não participaria de uma licitação conjunta no Clube dos 13 pelos direitos do Campeonato Brasileiro no triênio 2012-2014, a emissora carioca desistiu de fazer proposta à entidade e anunciou que conversará diretamente com os times. A Record, por outro lado, preferiu uma postura mais maleável.
Em comunicado oficial, o canal paulista avisou nesta quarta-feira que pretende fazer proposta ao C13 pelos direitos do Brasileiro. Contudo, a Record deixa claro que, caso mais times adiram a um modelo de negociação individual, também vai fazer rodadas de conversas separadas.
O primeiro efeito do comunicado da Record é que a licitação promovida pelo Clube dos 13, esvaziada pelo afastamento oficial de pelo menos nove times, terá ao menos um proponente. A entidade pretende abrir no dia 11 de março os envelopes com as ofertas de canais abertos pelo Campeonato Brasileiro.
Em contrapartida, a Record respalda os clubes dissidentes e preferiu não entrar em conflito com o grupo que tem Botafogo, Corinthians, Coritiba, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Palmeiras e Vasco.
No comunicado em que manifestou seu interesse de conversar com os dois grupos, a Record lembra que detém os direitos exclusivos de transmissão dos Jogos Olímpicos de Londres-2012.
Após determinação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a Globo perdeu direito de preferência na licitação do Campeonato Brasileiro. O Clube dos 13 chegou a estipular uma margem de 10% favorável à atual detentora dos direitos, mas o Cade derrubou essa vantagem.
Confira a íntegra da nota da Record:
“A Rede Record vem a público expressar preocupação com as reações ao modelo de negociação proposto pelo Clube dos 13. O formato foi desenvolvido como consequência de um acordo entre o Clube dos 13 e o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Pelo que foi acertado, cláusulas que caracterizavam o favorecimento a um monopólio e impediam a participação de outros concorrentes de forma democrática e transparente foram proibidas.
O modelo anterior impôs aos clubes brasileiros o endividamento e a perda sucessiva de seus maiores talentos para outros países. Alguns clubes brasileiros passam meses sem parceiros patrocinadores porque camisas, luvas, bonés e até placas publicitárias são evitadas ou encobertas nas transmissões esportivas. Ainda existem alguns clubes brasileiros que simplesmente são ignorados durante a temporada e passam semanas sem que seus jogos sejam transmitidos.
A carta convite enviada pelo Clube dos 13 contempla uma concorrência transparente, séria, com regras claras. O documento exige propostas entregues em envelopes fechados e pressupõe declarar vencedor aquele que fizer a melhor proposta financeira para todos os clubes. O modelo é semelhante ao estabelecido pelo Comitê Olímpico Internacional para a disputa de direitos dos Jogos Olímpicos. A Record detém os direitos de transmissão exclusivos dos Jogos Olímpicos de 2012, em Londres. Fez a melhor proposta e venceu. O mercado publicitário brasileiro – de forma ousada – correspondeu ao investimento da Rede Record e cobriu todos os custos de direitos e transmissão, além de gerar lucros. Parte do pacote olímpico já foi visto no Brasil com a premiada e pioneira cobertura esportiva dos Jogos de Inverno de 2010, de Vancouver, no Canadá. Prova inequívoca de que a Record quer inovar no esporte, tem apoio do mercado publicitário e retorno expressivo em audiência.
Este ano, em outubro, faremos o mesmo com os Jogos Panamericanos de Guadalajara.
A proposta do Clube dos 13 rompe com as obscuras negociações que favoreciam o monopólio e descaracterizavam a concorrência, impondo aos clubes valores e limitações exigidas pelos eternos favorecidos.
A Record reafirma o desejo de participar da concorrência do Clube dos 13, se os associados estiverem em acordo e unidos em busca de propostas que ofereçam alternativas para o torcedor brasileiro, melhorem arrecadações e ampliem a possibilidade de surgimento de novos patrocinadores.
Mas se os clubes desejarem uma negociação em separado, optando por outro modelo, a Record também pretende apresentar proposta, desde que as negociações sejam feitas seguindo padrões de transparência e regras claras. Ou seja, com a garantia de que a melhor proposta para a televisão aberta terá preferência.
Esta é a forma que a Record encontra para contribuir com a evolução e o desenvolvimento do futebol brasileiro, proporcionando ao torcedor acesso livre e gratuito ao esporte preferido da nação.
São Paulo, 02 de março de 2011.
CENTRAL RECORD DE COMUNICAÇÃO”