Os estádios modernos foram responsáveis por mais de 77% do faturamento de bilheteria nos jogos do Campeonato Brasileiro de 2023. Na última reportagem especial sobre o tema, a Máquina do Esporte mostra como as “arenas” deram um baile nos “estádios” no quesito arrecadação de dinheiro.
O estudo feito pelo Núcleo de Inteligência da Máquina do Esporte a partir da análise do boletim financeiro dos 380 jogos do Brasileirão em 2023 aponta para uma enorme disparidade de arrecadação entre estádios novos e antigos no país.
LEIA MAIS: Na bilheteria, São Paulo foi o campeão brasileiro de 2023
LEIA MAIS: Brasileirão 2023 faturou meio bilhão em bilheteria
Para fazer o levantamento, consideramos que os estádios considerados novos foram aqueles construídos ou reformados até 2013, ano de realização da Copa das Confederações no Brasil. Entram nessa lista Allianz Parque, Arena da Baixada/Ligga Arena, Arena Castelão, Arena Fonte Nova, Arena do Grêmio, Arena MRV, Arena Pantanal, Beira-Rio, Mané Garrincha, Maracanã, Mineirão, Neo Química Arena e Nilton Santos.
Ao todo, o faturamento com a venda de ingressos nessas novas arenas foi de R$ 391,2 milhões em 233 partidas que foram disputadas nesses espaços. O valor ultrapassa – e muito – o total arrecadado com jogos em estádios com mais de 10 anos de idade ou reforma. Os “velhinhos” responderam por um total de R$ 112,7 milhões arrecadados em 147 jogos.
Na média de arrecadação, a disparidade também é grande. Os novos estádios faturaram cerca de R$ 1,678 milhão por jogo. Já os espaços antigos arrecadaram R$ 766,5 mil por partida. Mais de 50% de diferença em favor das arenas modernas.
Maracanã lidera em jogos e renda
Entre todos os estádios que receberam partidas no Brasileirão de 2023, o Maracanã foi quem mais jogos abrigou. O estádio público do Rio de Janeiro recebeu um total de 36 partidas de três equipes diferentes: Flamengo, Fluminense e Vasco.
Como resultado, o Maracanã, naturalmente, foi o estádio que mais arrecadou com a venda de ingressos na temporada. Foram R$ 93.429.219,00, com uma média de R$ 2.595.256,08 de faturamento por partida.
Isso significa que o estádio arrecadou quase 20% de toda a receita de bilheteria do Brasileirão 2023, tendo recebido pouco menos de 10% dos jogos da competição.
Outra característica do Maracanã é que o espaço é o mais dispendioso para quem manda suas partidas. Mesmo sendo gerenciado atualmente por um consórcio formado por Flamengo e Fluminense, o Maracanã cobra taxas de locação altas, o que faz com que o estádio seja o único a ter despesas na casa de R$ 1 milhão por partida.
Allianz Parque é o lugar mais caro para jogos
Se o Maracanã foi o líder em arrecadação, o estádio que deteve o título de “mais caro” do Brasileirão foi o Allianz Parque, casa do Palmeiras. O local recebeu 16 partidas do campeão nacional, sendo que algumas delas apenas com capacidade parcial, já que um setor estava fechado para abrigar palcos para shows.
A arena palmeirense gerou R$ 43.265.599,28 com a venda de ingressos. O número representa uma arrecadação média bruta de R$ 2,7 milhões por partida. O tíquete médio no Allianz foi de praticamente R$ 75. Foi o ingresso mais caro do Brasileirão, quase R$ 30 acima da média do campeonato (que foi de R$ 43) e das arenas modernas (R$ 46,55).
O alto custo pago pelo torcedor, porém, gerou receita elevada para o Palmeiras. Além do título nacional, o clube paulista ficou com R$ 30,5 milhões nos cofres graças ao investimento do torcedor (cerca de R$ 1,9 milhão por jogo). Não fossem três partidas realizadas fora do Allianz, o Palmeiras, provavelmente, teria terminado a temporada com o maior lucro de bilheteria, posto que foi do São Paulo.
Mané Garrincha tem a maior renda
O detalhe curioso entre todos os estádios que receberam jogos foi o Mané Garrincha, de Brasília (DF). Inaugurada em 2013 para a Copa das Confederações, a arena recebeu apenas uma partida, o duelo entre Flamengo e Santos, válido pela 31ª rodada do campeonato.
Com 64,7 mil torcedores, foi o sexto maior público da competição. Mas, na bilheteria, foi a maior arrecadação: R$ 7,1 milhões brutos. O Flamengo, graças a um acordo, recebeu um fixo de R$ 2 milhões para levar a partida para a capital federal, o que fez com que os organizadores do jogo ficassem com a maior parte da arrecadação.