No último domingo (25), tivemos a final da 10ª edição do Rio Open, um evento que vem crescendo a cada ano e já se consolidou no calendário da cidade e também no coração dos fãs de tênis em toda a América do Sul.
Em 10 edições, tivemos campeões do calibre de Rafael Nadal, Carlos Alcaraz e David Ferrer. Nesta 10ª edição, ao lado do colombiano Nicolas Barrientos, Rafael Matos tornou-se o primeiro brasileiro a ser campeão do torneio.
Para o fã de tênis, durante todo o ano é muito fácil saber onde assistir aos principais eventos dos circuitos da ATP e da WTA. Basta ligar a TV nos canais ESPN ou abrir o app do Star+ e curtir os grandes nomes do esporte em todos os eventos ATP 1000, como Miami e Madri, ATP 500, como Barcelona e Washington, ou ainda outros 20 eventos de nível ATP 250. ESPN/Star+ têm os direitos exclusivos para todo o circuito da ATP, além de três Grand Slams (Australian Open, Roland Garros e Wimbledon). Por fim, a ESPN também tem os direitos do US Open, mas este de forma não exclusiva, transmitindo o torneio junto ao Sportv.
Então, com todo este cenário, voltamos à pergunta do título desta coluna: se a ESPN tem os direitos de todo o circuito, por que o único evento realizado em solo nacional não está nas telas do canal do Grupo Disney?
Para explicar esta questão, é preciso entender o modelo de negócio dos direitos de transmissão do universo do tênis. Cada um dos Grand Slams negocia diretamente os seus direitos. Até meados da década passada, os eventos menores (ATP 250) também comercializavam de forma individual, ou uma determinada agência conseguia reunir um pacote de alguns eventos para explorar o mercado de forma coletiva, o que acabava gerando mais negócios do que cada evento (alguns com pouca relevância) de forma individualizada. A ATP, porém, entendeu que, colocando a maioria destes eventos em um pacote unificado, ela conseguiria gerar ainda mais receita para este grupo de eventos.
Já os torneios ATP 500 e ATP 1000 sempre foram comercializados de forma conjunta, empacotados em processos liderados pela ATP. A depender do mercado por meio de um processo de RFP (“Request for Proposal” ou “Solicitação de Proposta”), que é mais formal e rígido, ou por intermédio de negociações diretas com potenciais parceiros.
A única exceção para este pacote é o que justamente é denominado “Domestic Market” (“Mercado Doméstico”), em que cada evento retém para si os direitos do seu mercado local. Então, enquanto o Rio Open é parte do pacote para todos os outros países e, portanto, negociado pela ATP, no caso dos direitos para o Brasil, a negociação é feita pela organização do evento com parceiros de mídia locais. O mesmo ocorre com o evento de Barcelona, por exemplo, que está no pacote ATP 500 aqui no Brasil, mas lá na Espanha é negociado à parte pelo organizador local.
O mesmo está ocorrendo agora com a NFL. O jogo que será disputado na Neo Química Arena, com o Philadelphia Eagles como mandante, no próximo dia 6 de setembro, não faz parte dos pacotes que ESPN e RedeTV! já possuem. Ou seja, pode acontecer deste jogo ser exibido por uma outra plataforma.
Um exemplo ao contrário é a Street League Skateboarding (SLS), em que o Super Crown que é disputado no Brasil faz parte do pacote que é comercializado pela Thrill One, dona do evento. E isso acontece porque o evento no Brasil é organizado pela Thrill One com um parceiro local.
De volta à ATP, 2026 será o ano em que tudo poderá mudar. Tanto o contrato do Sportv com a organização do Rio Open quanto o contrato da ESPN com a ATP chegarão ao fim em dezembro de 2025, e é aí que vamos entender como o quebra-cabeça dos direitos do tênis será montado para os próximos anos.
Evandro Figueira é vice-presidente da IMG Media no Brasil e escreve mensalmente na Máquina do Esporte