O Comitê Olímpico do Brasil (COB) lançou, na semana passada, o projeto Floresta Olímpica do Brasil. A ação nas cidades de Tefé e Alvarães, no estado do Amazonas, tem o objetivo de proporcionar o reflorestamento de cerca de 6,3 hectares de floresta em comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas.
A iniciativa contou com o reforço da skatista e medalhista olímpica Rayssa Leal, embaixadora de sustentabilidade do COB e madrinha do projeto. Ao lado do presidente do comitê, Paulo Wanderley, a atleta conduziu o lançamento do projeto nas comunidades de Bom Jesus da Ponta da Castanha e na aldeia São Jorge da Ponta da Castanha, principais impactadas pela iniciativa.
Duas mudas de jatobá, espécie nativa da região, foram plantadas por Rayssa e Paulo Wanderley para simbolizar o início da ação, que durará ao menos até 2030.
“O tema da preservação e recuperação do meio ambiente é muito importante para toda a sociedade, e para o esporte não é diferente. É verdade que toda empresa gera impacto social e ambiental, e o Movimento Olímpico como um todo tem que assumir essa responsabilidade”, disse o presidente do COB.
“Agora, com a Floresta Olímpica do Brasil, o COB vai mergulhar ainda mais na pauta da sustentabilidade, assunto mais do que urgente no planeta inteiro. Estou muito orgulhoso do legado que estamos construindo com ações e parcerias como esta”, ressaltou.
A iniciativa do COB está inserida no “Olympic Forest Network”, rede que prevê a restauração de florestas por Comitês Olímpicos Nacionais de todo o mundo por meio de uma proposição do Comitê Olímpico Internacional (COI).
“Estou muito feliz de participar disso tudo com o COB e outros atletas. A gente precisa pensar cada vez mais em sustentabilidade, no nosso dia a dia mesmo. Me sinto honrada por estar aqui e plantar a primeira árvore da minha vida”, exaltou Rayssa.
Restauração
Signatário da rede olímpica de florestas desde 2023, o COB escolheu impactar sobretudo as comunidades de Bom Jesus da Ponta da Castanha e a aldeia São Jorge da Ponta da Castanha, nas cidades de Tefé e Alvarães, no Amazonas.
Ambas se localizam dentro dos limites da Floresta Nacional de Tefé (Flona), no coração da Amazônia brasileira, área federal protegida e gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
A restauração incluirá o plantio de aproximadamente 4.500 árvores de espécies nativas, incluindo algumas que fazem parte das atividades tradicionais de extrativismo dos moradores locais, como a castanha da Amazônia e o açaí.
O COB tem como parceiro no projeto o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, organização social vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. A iniciativa compensará a emissão de 4 mil toneladas de CO2 na atmosfera.
Fases
O projeto de restauração é de cunho participativo e foi dividido em três componentes: capacitação, pesquisa e, por fim, restauração e monitoramento.
Na fase de capacitação, iniciada em 2023, os moradores locais foram treinados para a coleta, o beneficiamento e o armazenamento das sementes, bem como o processo de restauração. A fase de pesquisa também é participativa, na qual é avaliada a técnica mais apropriada dentre algumas opções para a execução da restauração.
Na fase de execução da restauração e de monitoramento, a área será propriamente restaurada e o processo monitorado para acompanhar a sucessão da floresta em regeneração, tornando-a o mais próxima possível da original.
Histórico
Essa ação na Amazônia é mais uma iniciativa do COB na área de sustentabilidade. A entidade já havia aderido ao movimento Esporte pela Ação Climática, no qual se comprometeu a reduzir em 50% as emissões de gases de efeito estufa (GEE) até 2030.
O COB foi o primeiro comitê olímpico nas Américas e o segundo no mundo a assinar esse compromisso, atrás apenas da Espanha. Para chegar à meta de compensação, o comitê realiza um inventário anual de suas emissões desde 2022.
“Com o projeto da Floresta Olímpica do Brasil, estabelecemos um marco fundamental para quem trabalha em prol do desenvolvimento saudável da sociedade, que é o objetivo final do Movimento Olímpico”, disse Rogério Sampaio, campeão olímpico no judô em Barcelona 1992 e atual diretor-geral do COB.
“Afinal, não existe esporte seguro sem a preocupação com o meio ambiente, assim como não existem eventos esportivos de qualidade sem a necessária compensação ao desgaste trazido à natureza”, acrescentou.