A Federação Internacional de Futebol (Fifa) está em busca de parceiros para levantar US$ 2 bilhões (cerca de R$ 11,3 bilhões), para serem usados na expansão de seu serviço de streaming próprio, o Fifa+.
De acordo com informações do Bloomberg, a entidade máxima do futebol estaria trabalhando junto ao UBS Group AG, banco de investimento multinacional, com sede na Suíça, visando atrair investidores para o projeto.
Ainda segundo o site, a captação de recursos deverá ter início em julho deste ano, tendo como foco principal os Estados Unidos e o Oriente Médio, que, atualmente, sediam os principais grupos que realizam os grandes investimentos no esporte mundial.
Caso o projeto de captação de investimentos avance, os novos sócios seriam minoritários na plataforma, que continuaria a ter a Fifa como maior acionista.
Quando foi lançado, em 2022, o Fifa+ prometia disponibilizar mais de 40 mil partidas ao vivo por ano, além de destaques, imagens de arquivo e conteúdo original. O serviço foi projetado como uma plataforma global para que ligas domésticas e associações nacionais pudessem transmitir partidas, de modo a ampliarem sua exposição e alcançarem os espectadores em outros mercados.
Importância do Fifa+
Até o momento, o Fifa+ ainda não alcançou todo o potencial que a entidade prometia. Por enquanto, ele tem chegado de maneira gratuita a mercados de transmissão menores, onde não ocorre a venda de direitos televisivos dos torneios que ela organiza.
Foram os casos, por exemplo, da última Copa do Mundo Feminina ou mesmo dos recentes Mundiais de Clubes. Atualmente, a plataforma transmite gratuitamente as competições promovidas pela Confederação de Futebol da Oceania (OFC).
Pode parecer estranho, portanto, que a entidade busque um aporte bilionário no mercado, a fim de alavancar uma operação que é oferecida gratuitamente ao consumidor final.
Na verdade, porém, o Fifa+ tem importância estratégica para a entidade máxima do futebol mundial. Em primeiro lugar, vale lembrar que a plataforma conta com anunciantes.
Na medida em que as transmissões via streaming avançam, os contratos com os patrocinadores do Fifa+ tendem a se tornar mais rentáveis.
Mas a grande relevância do serviço reside no fato de que ele garante que as competições organizadas pela Fifa alcancem públicos cada vez maiores, numa época em que os grupos de mídia estão cada vez mais arredios à ideia de pagar somas volumosas pelos direitos de transmissão.
Isso ficou evidente, por exemplo, na última Copa do Mundo Feminina, disputada no ano passado na Austrália e na Nova Zelândia. Grandes emissoras da Europa Ocidental inicialmente não quiseram aceitar os valores solicitados pela Fifa, sob o argumento de que teriam menor retorno de audiência e de receitas com anunciantes, pelo fato de os jogos ocorrerem de madrugada.
A entidade decidiu endurecer o jogo e bancar o preço elevado, anunciando que, nos mercados onde não fosse fechado contrato de venda de direitos, os jogos seriam disponibilizados gratuitamente pelo Fifa+.
A mudança no formato de compra e venda de direitos de transmissão também amplia a relevância estratégica do streaming próprio da Fifa. No Brasil, por exemplo, a plataforma e suas parceiras (a Cazé TV, em especial) garantiram que o público local tivesse acesso a todos os 64 jogos da última Copa do Mundo Feminina.
Enquanto isso, o Grupo Globo, inaugurando seu novo formato de aquisição de eventos esportivos, garantiu a exibição de sete partidas do torneio na TV aberta (com foco na seleção brasileira) e de 34 nos canais por assinaturas Sportv.
O Fifa+ turbinado pelos investimentos bilionários poderia ajudar a fortalecer a transmissão do Mundial de Clubes de 2025, que será realizado nos Estados Unidos e contará com 32 times.
Até o momento, a entidade não conseguiu atingir uma proposta na casa dos US$ 4 bilhões, pelos direitos de transmissão do torneio. A principal oferta surgida até o momento foi da Apple, de US$ 1 bilhão.