“Corrida não é moda, não é uma bolha, é mudança social”. Estas foram as palavras enfatizadas mais de uma vez por Daniel Krutman, CEO do Ticket Sports, em sua palestra durante o primeiro dia de realização do TS Summit, congresso que reúne nomes da indústria do esporte no Brasil durante dois dias em São Paulo (SP) e teve início nesta terça-feira (3).
Para justificar a afirmação, o executivo destacou que se trata de um mercado que passou, sim, por alguns platôs, mas que, desde os anos 1970, não apresenta quedas. E, como mercado, dá para incluir também outros segmentos dos chamados esportes de endurance, como ciclismo, trail run (corridas em trilhas) e triatlo. Atualmente, o Brasil já tem cerca de 14 milhões de corredores e 11 milhões de nadadores, por exemplo. A palavra de exercícios físicos Strava conta, hoje, somente no mercado brasileiro, com 18 milhões de pessoas.
“As pessoas amam viver. Quando eu era jovem, a gente queria ir para a balada. Hoje, o jovem quer ir correr, que ir praticar uma atividade física”, afirmou o CEO do Ticket Sports.
Segundo dados da plataforma de inscrições, em 2024, serão cerca de 8,5 mil eventos (163 por semana) no Brasil, país que tem uma das maiores quantidades de organizadores do mundo, com cerca de 9 mil. E outro número que mostra que o mercado está em expansão é o fato de que 35% das pessoas que se inscreveram em provas do Ticket Sports neste ano fizeram isso pela primeira vez na vida.
“Mais recentemente, a pandemia e a profusão de criadores de conteúdo ajudaram a alavancar ainda mais esses números. Na pandemia, muitas pessoas começaram a praticar exercícios físicos. E os criadores de conteúdo usam os eventos como plataforma de conteúdo”, afirmou Krutman.
Após um aumento na casa dos 20% durante os últimos anos, espera-se um crescimento de 45% do mercado em 2024. E, para os próximos anos, a tendência é que esse crescimento fique em 35% em 2025, 25% em 2026 e 25% em 2027.
Clima como pauta de negócios
Daniel Krutman também chamou a atenção dos organizadores de eventos, que são maioria na plateia do TS Summit, para o fato de que, cada vez mais, o clima e as questões climáticas precisam estar no centro do pensamento de cada um deles, uma vez que não se trata mais “só de uma questão social, mas pauta de negócios”, por ter o poder de influenciar de maneira significativa qualquer tipo de evento.
“Há algumas semanas, faltando 18 horas para a largada, a Meia-Maratona de Ribeirão Preto [uma das maiores cidades do interior de São Paulo] precisou ser cancelada [por conta das queimadas na região]. A Maratona de Curitiba também já correu esse risco de não ocorrer por conta de questões climáticas. Os organizadores precisam cada vez mais estar atentos com horário de largada, hidratação e leis de adiamento, por exemplo”, disse o executivo.
“Estamos vivendo um momento em que passamos dos eventos de espectadores para os eventos de participação, de experiência. O consumidor não quer mais ser apenas espectador, ele quer ser parte daquele evento. E nós, como mercado, estamos vivendo essa fase. Ela está aí. Temos que trabalhar para deixar um legado. Que ancestrais seremos para aqueles que estiverem aqui no futuro? Temos que pensar cada vez mais nisso”, desafiou Krutman.