A Espanha resolveu, enfim, adotar medidas concretas em relação aos ataques racistas direcionados ao atacante brasileiro Vinicius Júnior, do Real Madrid. A Polícia Nacional anunciou que prendeu quatro homens, com idades entre 24 e 26 anos, suspeitos de incitarem a campanha de ódio contra o atleta nas redes sociais.
As identidades dos quatro detidos não foram reveladas. Porém, a polícia admitiu que são torcedores do Atlético de Madrid, que aproveitaram o clima de rivalidade que antecedeu o clássico diante do Real Madrid, realizado no último dia 29 de setembro, para deflagrarem a onda de insultos racistas ao jogador.
As prisões ocorreram nos últimos dias 14 e 15 deste mês, mas foram anunciadas apenas nesta semana. A operação ocorreu após três denúncias encaminhadas pela LaLiga, relativas a publicações feitas pelos quatro homens no X (antigo Twitter).
Os posts utilizavam a hashtag #metropolitanoconmascarillas. Os autores incitavam torcedores do Atlético de Madrid a comparecerem ao Estádio Riyadh Air Metropolitano, na capital espanhola, trajando máscaras, de modo a não serem identificados pela polícia, estando, dessa forma, seguros para entoar cânticos e insultos raciais contra jogadores do time adversário.
A campanha de ódio deflagrada pelos quatro torcedores do Atlético de Madrid viralizou, tornando-se trending topic na rede de Elon Musk, com cerca de 1,7 bilhão de visualizações, além de 56 mil interações e 7 mil repostagens.
A Polícia Nacional realizou um trabalho de rastreamento e análise de informação para chegar à identidade dos quatro homens detidos. As autoridades não descartam novas prisões nesse caso.
Problema é recorrente na Espanha
Os ataques racistas a Vinicius Júnior se tornaram um problema recorrente na Espanha. Entre 2021 e maio do ano passado, foram nada menos que 11 casos registrados. Torcedores do Atlético de Madrid têm sido os principais algozes do brasileiro, mas não os únicos.
Vini Jr. também foi alvo de insultos racistas ao enfrentar Mallorca, Valencia e Valladolid. Isso sem contar o jornalista espanhol Pedro Bravo, que utilizou a palavra “macaquice” para se referir às danças feitas pelo jogador nas comemorações de seus gols. O ataque racista foi feito ao vivo, no programa de TV Chiringuito Show.
Diante da péssima repercussão desses episódios, a LaLiga passou a promover campanhas contra o racismo nas redes sociais, na mídia e nos estádios. Inicialmente, o tom era de caráter mais educativo. Porém, o problema permaneceu.
As recentes prisões motivadas por denúncias apresentadas pela própria LaLiga mostram que a entidade parece disposta a adotar medidas mais enérgicas ao lidar com essa questão.
Vale lembrar que, além das detenções realizadas na semana passada, em fevereiro deste ano o Tribunal de Instrução de Palma de Mallorca condenou a 12 meses de prisão um torcedor local, que proferiu insultos racistas a Vinicius Júnior.