“O Nordeste merece”. Esse foi o slogan criado pelo Esporte Interativo em 2013, quando a Copa do Nordeste começou a ganhar cada vez mais força no mercado nacional depois de se consolidar regionalmente.
Única sobrevivente da canetada que criou o Brasileirão de pontos corridos em 2003 e sepultou os regionais que haviam sido reativados ou criados um ano antes, a Copa do Nordeste precisou derrotar a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) na Justiça para poder continuar no calendário do futebol brasileiro.
Mas o que isso tem a ver com o Brasileirão 2025? Absolutamente tudo.
No próximo ano, pela primeira vez, teremos 25% dos times na Série A do Campeonato Brasileiro sendo da Região Nordeste do país. Dos 20 clubes que disputarão o torneio, 5 estão na região. O número cairá para 20% se o Vitória for rebaixado, o que hoje é pouco provável.
O sucesso nordestino dentro de campo atualmente é fruto, em boa parte, do fôlego que a Copa do Nordeste trouxe para os clubes da região. O torneio conseguiu, ao mesmo tempo, trazer maior competitividade para os times e maior arrecadação.
Até a consolidação da Copa do Nordeste, os clubes grandes da região sofriam com Estaduais deficitários e de baixíssima qualidade técnica. Assim, os atletas muitas vezes não eram testados de forma mais significativa, além dos clubes praticamente terem de pagar para entrar em campo e manterem-se ativos nos primeiros três meses do ano.
O resultado, quase sempre, era viver numa gangorra entre as Séries A e B, quando não descer até a C, em um ciclo perverso de maus resultados e péssima gestão financeira.
A Copa do Nordeste foi um dos fatores que mudaram esse cenário.
Com mais competitividade e maior receita, os times começaram a colher frutos. Soma-se a isso, obviamente, uma gestão mais equilibrada, como foram Ceará e Fortaleza nos últimos anos e têm sido Vitória e Sport nas atuais gestões. O Bahia, com a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Grupo City, tornou ainda mais ambicioso o projeto do clube.
O resultado, naturalmente, aparece. A redução da disparidade financeira só faz bem ao futebol brasileiro. Povoar o calendário com campeonatos mais igualitários na divisão de receitas e mais competitivos traz uma melhoria para todos.
Em um Brasileirão que sempre foi muito mais Sul-Sudeste do que de fato um torneio nacional, o Nordeste ter cinco representantes em 2025 é para ser comemorado.
O Nordeste merece. E o Brasileirão, ainda mais.
Erich Beting é fundador e CEO da Máquina do Esporte, além de consultor, professor e palestrante sobre marketing esportivo