O inferno astral de Alberto Dualib parece não ter fim. Depois de ter sido afastado oficialmente da presidência do Corinthians nesta semana, o dirigente viu descoberta sua manobra jurídica para driblar a fiscalização e proteger seus bens. O caso veio à tona nesta sexta-feira. O “Jornal da Tarde” revelou que Dualib repassou imóveis avaliados em R$ 14,3 milhões para uma empresa com sede no Uruguai, em esquema de offshore e administrada por um procurador. A estratégia é clara: caso seja responsabilizado por má administração no Corinthians, não terá muito para deixar como penhora. De acordo com a reportagem assinada pelo jornalista Robson Morelli, a “Operação Uruguai” teve início em 2004, quando Dualib abriu a empresa Adel Locadora de Máquinas e Móveis Ltda tendo João de Almeida, seu funcionário, como parceiro na sociedade. O capital era a inexpressiva soma de R$ 1,5 mil em dinheiro, mais o montante dos imóveis. No contrato, uma cláusula de impenhorabilidade dos terrenos, apartamentos e casas incluídos no negócio foi adicionada para evitar a perda dos bens. Dois anos depois, Dualib repassou suas cotas – a maior parte do patrimônio da empresa, já que Almeida ficou com apenas R$ 360 na distribuição dos títulos – para uma segunda companhia, a Unionlinx S.A., com sede em Montevidéu, capital do Uruguai. Dessa vez, o advogado Alex Sandro Souza Ferreira foi escolhido como procurador. Ainda de acordo com o “JT”, o Ministério Público Federal já desconfiava da “Operação Uruguai”, pois havia detectado conversas entre Dualib e o conselheiro do Corinthians, José Alves, que sugeriam a transferência de bens para outro país. A escuta telefônica também flagrou Renato Duprat, braço direito do dirigente na era MSI, alertando Dualib sobre os problemas que o caso poderia lhe acarretar. “Você pode se prejudicar com isso”, disse Duprat. Com sua situação política no Corinthians cada dia mais crítica, o presidente licenciado já admite a possibilidade de deixar o clube que comandou nos últimos 14 anos. Aos 87 anos, porém, sairá sem prejuízos.