Um dos acontecimentos mais aguardados do esporte nos Estados Unidos começou enfim a se materializar.
Em reunião do Conselho de Governadores, que reuniu os representantes de suas 30 franquias na cidade norte-americana de Las Vegas, nesta terça-feira (15), a National Basketball Association (NBA) iniciou, enfim, os debates sobre a expansão no número de equipes.
Por enquanto, ainda não está claro nem quantos times serão incorporados à competição, nem as cidades que abrigarão as novas franquias.
Em todo caso, Las Vegas desponta com a grande favorita para fazer parte dessa expansão da NBA, até porque a “Cidade do Pecado” já abriga uma franquia da Women’s National Basketball Association (WNBA), o Las Vegas Aces.
Nos últimos anos, Las Vegas tem procurado desvincular sua imagem dos jogos de azar e das outras atividades famigeradas associadas a esse universo. A cidade de Nevada busca fortalecer a oferta de entretenimento para toda a família, o que inclui os investimentos para atrair grandes eventos esportivos, como a Fórmula 1.
Portanto, a escolha da cidade para receber a reunião do Conselho de Governadores da NBA não pode ser encarada como uma coincidência. Além disso, Adam Silver, comissário da organização esportiva, referiu-se a Las Vegas como sendo a “31ª franquia” da liga.
A afirmação, por enquanto, não pode ser encarada como anúncio oficial. A expectativa é de que a nova expansão da NBA agregue dois novos times à competição.
Principais cidades candidatas
Além de Las Vegas, a Cidade do México e Seatle despontam como candidatas a sediar franquias da NBA.
No caso da capital mexicana, o momento político atual aparenta ser pouco favorável, por conta da política tarifária e imigratória adotada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação aos demais países.
Por outro lado, a NBA nutre interesse em expandir sua atuação para outros mercados, como a América Latina.
Seattle, por sua vez, possui a vantagem de já haver sediado uma franquia da NBA, o Seattle SuperSonics, que existiu na cidade de 1967 a 2007, quando se transferiu de localidade e mudou o nome para Oklahoma City Thunder, atual campeão da competição.
Exemplo da WNBA
Esse movimento inclusão de novas equipes, que passa a ser oficialmente debatido pela NBA, instiga o apetite dos governadores das franquias, que estão de olho nas cifras bilionárias da taxa de expansão.
Na WNBA, cujos proprietários são, em muitos casos, os mesmos da liga masculina, a ampliação no número de times avança em ritmo acelerado, movimento que é turbinado pela valorização da quantia paga pelas novas franquias.
Em 2023, por exemplo, quando o Golden State Valkyries foi aceito na competição feminina, seus donos pagaram US$ 50 milhões de taxa de expansão.
Já neste ano, os proprietários de Cleveland Cavaliers, Philadelphia 76ers e Detroit Pistons tiveram de arcar, cada um, com a quantia de US$ 250 milhões para ingressarem na WNBA. Esse montante será posteriormente redistribuído entre os demais times da liga.
Na NBA essa taxa de expansão também existe e é baseada nos valores de mercado das franquias atualmente existentes.
Prós e contras
A inclusão de novos times na organização é um tema sensível. Há períodos em que os donos das equipes costumam se mostrar mais reticentes em relação à ideia, porque ela pode acarretar em diluição das receitas distribuídas pela NBA.
Diferentemente do que ocorre no futebol brasileiro, por exemplo, em que um dirigente como Luiz Eduardo Baptista (o Bap), presidente do Flamengo, recusa-se a abrir mão de percentuais relativos a direitos comerciais e de mídia de modo a viabilizar a criação de uma liga unificada no país, na NBA todas essas propriedades são negociadas coletivamente e divididas de maneira igual entre as franquias, independentemente de quantos torcedores ou títulos cada uma delas possui.
Incluir novos times no campeonato pode resultar, portanto, em uma menor fatia do bolo para todos. Este seria o problema que uma expansão poderia ocasionar (e por isso ela demorou tanto a ocorrer).
Por outro lado, o aumento na quantidade de equipes garantiria o acesso da NBA a novos mercados, o que resultaria em crescimento da audiência (o que valorizaria os acordos de mídia, que renderão US$ 76 bilhões à liga, por 11 temporadas), novos contratos comerciais e maior receita de bilheteria.
Atualmente, entre a possibilidade de reinarem sozinhas no “inferno” e a hipótese de repartirem um bolo maior e mais apetitoso no “paraíso”, as franquias da NBA parecem estar dispostas a rejeitar a lógica que lançou Lúcifer às profundezas das trevas.
Taxa de expansão
O crescimento exponencial dos valores de mercado das franquias masculinas é que representa, hoje, o grande argumento a favor da expansão.
As últimas vendas de times da NBA alcançaram somas estratosféricas. A aquisição do Boston Celtics pelo grupo Symphony Technology, concretizada no início deste ano, movimentou US$ 6,1 bilhões.
De acordo com a revista Forbes, o valor médio das franquias da NBA é atualmente de US$ 4,4 bilhões.
Essas cifras deverão impactar a taxa de expansão, que tende a alcançar valores bem próximos aos preços praticados pelo mercado.
“Se tivéssemos expandido há cinco anos, teríamos subvalorizado o mercado”, declarou Adam Silver.
Para se ter uma ideia da valorização apresentada pelas equipes da NBA, em 2010 o ex-jogador Michael Jordan gastou US$ 275 milhões para assumir o controle do Charlotte Hornets. Em 2023, ao vender sua participação majoritária na franquia (da qual ele segue como sócio minoritário) para o consórcio Dyal HomeCourt Partners, liderado por Gabe Plotkin e Rick Schnall, o astro faturou US$ 3 bilhões.
A última expansão promovida pela NBA ocorreu há 20 anos, justamente com a criação do atual Charlotte Hornets, na Carolina do Norte.
A equipe surgiu, na verdade, como Charlotte Bobcats, para substituir o time que havia se transferido em 2002 para a Geórgia, com o nome de New Orleans Hornets.
Em 2013, a franquia de New Orleans decidiu mudar seu nome para Pelicans, devolvendo o nome, os registros e a história oficial para o time de Charlotte, que voltou a ser Hornets.
Antes dessa última expansão, a NBA promoveu a inclusão de seis novas equipes, entre 1988 e 1995.