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Dibradoras e Vert.se criam UnaSports Lab para conectar mulheres às marcas no esporte

Em entrevista à Máquina do Esporte, cofundadoras comentaram sobre os objetivos da consultoria e resultadas das pesquisas já realizadas

Renata Mendonça, Roberta Nina Cardoso e Angélica Souza são cofundadoras das Dibradoras e da UnaSports Lab - Lívia Villas Boas

Com dez anos de história, Dibradoras consolidou-se com sua atuação voltada ao protagonismo feminino nos esportes, no Brasil.

Em 2025, a plataforma resolveu unir forças à empresa de inteligência de dados para comportamento de consumo e opinião pública Vert.se, na criação de uma consultoria que tem o objetivo de conectar as mulheres às marcas, no universo esportivo.

Essa parceria resultou na UnaSports Lab, empresa que buscará trabalhar de forma estratégica dados, comportamento de consumo e cultura, a partir do olhar da mulher fã do esporte.

Nesta semana, a Máquina do Esporte conversou com as cofundadoras da consultoria Angélica Souza, Roberta Nina Cardoso (das Dibradoras, veículo que também foi concebido por Renata Mendonça, sócia da UnaSports Lab) e Carol Zaine, da Vert.se. Elas comentaram sobre os objetivos da empresa e os resultados das pesquisas já realizadas.

Uma delas envolve o comportamentos das mulheres que acompanharam a Copa América Feminina 2025, realizada no Equador e que foi vencida pela seleção brasileira.

O estudo mostrou que o sentimento que moveu as torcedoras brasileiras durante o torneio foi muito além do desempenho esportivo, envolvendo questões como representatividade, protagonismo feminino e mesmo críticas à falta de apoio para a modalidade.

Modos distintos de torcer e interagir com o esporte

De acordo com Angélica, há cerca de três anos ela e as demais Dibradoras têm procurado compreender melhor a relação das marcas com as mulheres e os esportes, especialmente as modalidades femininas.

“Era muito comum de marcas usarem Dibradoras como canal, mas não conseguirem conversar com as mulheres, seja porque chegavam muito em cima da hora, seja porque a régua adotada por elas era baseada em esportes e torcedores masculinos”, explica Angélica.

Foi a partir dessa necessidade que surgiu a ideia da parceria com a Vert.se, para a criação da consultoria.

“O que a gente nota é que tudo ainda parte de uma visão masculina, com foco no homem. As marcas precisam entender que as mulheres existem e consomem. Elas torcem de um modo diferente dos homens”, diz Carol.

Carol Zaine, da Vert.se, é confundadora da UnaSports Lab – Divulgação

Além da pesquisa sobre a Copa América Feminina, a UnaSports Lab realizou um estudo sobre o comportamento de torcedores e torcedoras durante a Copa do Mundo de Clubes 2025, que contou com as participações de Botafogo, Flamengo, Fluminense e Palmeiras.

Os dois estudos, feitos em parceria com a Polis Consulting, com base em dados coletados pela plataforma Brandwatch, mostram que, basicamente, o modo de torcer dos homens é voltado a questões táticas, técnicas e mesmo financeiras, que impactam o resultado esportivo. As mulheres, por outro lado, são movidas por aspectos culturais, coletivos e de comunidade.

“O sonho de todas a marca é poder se conectar a comunidades. E a forma de torcer das mulheres possui justamente essa característica”, observa Carol.

Ela lembra que os levantamentos estatísticos mais recentes mostram forte presença feminina nas torcidas dos grandes clubes brasileiros.

“No caso do Flamengo, por exemplo, 48% da torcida é composta por mulheres. Não podemos esquecer da participação feminina cada vez mais crescente na economia. Como as marcas dialogam com essa base?”, pondera.

“As marcas precisam começar a ouvir as mulheres não apenas por questão de consciência, mas também porque se conectar às mulheres representa um negócio importante”, completa Angélica.

Oportunidades

Roberta lembra que os próximos anos serão marcados pela realização de eventos esportivos globais, que representarão oportunidades para que as marcas se conectem às torcedoras.

“A Copa do Mundo de 2026 certamente atrairá grande atenção das mulheres. Em 2027, haverá a Copa do Mundo Feminina, que será realizada no Brasil. No ano seguinte, Jogos Olímpicos”, diz ela.

Para Angélica, as marcas que estiverem dispostas a aproveitar esses eventos para criar vínculos com público feminino precisam estabelecer o quanto antes esse diálogo.

“Quem conseguir se conectar desde já às mulheres, vai chegar primeiro na disputa por esse mercado”, afirma.

Já Carol recomenda que as marcas invistam na segmentação de conteúdos e campanhas. “É fundamental que elas tenham um olhar específico para cada público”, diz.