Todo brasileiro que gosta de corrida já torceu por Rubens Barrichello ao menos uma vez na vida. Ou muitas vezes na vida.
Aos 53 anos de idade e sem mais nada a provar a ninguém nas pistas, o maior piloto brasileiro sem um título mundial de F1 mais uma vez colocou seu nome na história.
No último fim de semana, classificou o carro na primeira fila e ganhou as duas corridas da Nascar Brasil no Autódromo Velocitta, assegurando o título brasileiro do evento que ganhou muito em relevância neste ano por fatores diversos, tanto por mérito próprio quanto por alguns soluços da Stock Car com seus novos carros, ainda carentes de confiabilidade depois de quase meia temporada de 2025.
A trajetória de Rubinho na Nascar Brasil neste ano foi cinematográfica. Ele chegou à etapa final na liderança do campeonato, mesmo tendo faltado a uma etapa.
Com ímpeto e motivação dignos de um jovem recém-promovido do kart à F4, Barrichello aprendeu a categoria nova com seus mecânicos e engenheiros da equipe Full Time e trouxe holofotes até então inéditos ao evento.
Não foi a primeira vez que ele fez isso.
Há mais de uma década, depois de encerrar uma breve passagem pela Indycar e resolver se dedicar em tempo integral à Stock Car, Rubinho não apenas repaginou sua imagem perante boa parte da opinião pública brasileira, como colocou a categoria em uma evidência de profissionalismo capaz de atrair outros grandes nomes e patrocínios cada vez mais altos.
Piloto mais carismático e popular do grid e recordista de vitórias na enquete do Fan Push, ele ganhou dois campeonatos com autoridade e só não está além do décimo lugar neste ano porque seu carro foi um dos inúmeros a amargar uma série de panes mecânicas e sofrer com falta de performance. Mesmo sem velocidade, ele faz uma temporada cerebral. Se é verdade que quase não foi capaz de fazer ultrapassagens em decorrência de problemas alheios à sua órbita de influência e à do time, também é fato que soube permanecer na pista e levar as bandeiradas completando todas as provas. Quando (ou se) tiver equipamento capaz de brigar por vitórias, certamente estará no pódio.
Com tudo que fez na vida, ele poderia perfeitamente largar mão, desanimar e perder o ímpeto com os problemas em série. Mas quem acompanha as corridas de perto vê que tanto na crise atual da Stock Car quanto na trajetória impecável na Nascar, ele se comporta dentro dos boxes com o mesmo profissionalismo e motivação de quem passou a vida gastando horas em estudo para transformar em milésimos nos tempos de volta na F1.
Rubinho Barrichello, depois dos 50 anos de idade, correndo como apaixonado, é um exemplo para o torcedor brasileiro fã de automobilismo e para as marcas patrocinadoras a ele atreladas. No fim de 2024, com carros todos idênticos e funcionando perfeitamente, ele foi campeão da Endurance da Porsche Cup. Agora, levantou o título da Nascar e garantiu presença na premiação anual da maior categoria de turismo do mundo.
Barrichello é um verdadeiro “racer” e mais uma vez provou isso com louvor no último fim de semana.
Feliz do brasileiro que tem este personagem correndo por aqui uma ou duas vezes por mês. Rubinho já fez muito nas pistas e pelo automobilismo brasileiro. E ainda tem muito a fazer.
Luis Ferrari é sócio-fundador da Ferrari Promo, agência-boutique com ênfase no mercado do esporte a motor, e possui formações em Jornalismo e Direito, extensão universitária em Marketing e pós-graduação em Jornalismo Literário, além de ser empresário de relações públicas
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