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Genius Sports lança tecnologia de impedimento automatizado para tentar dar fim a polêmicas com o VAR

Sistema será apresentado na próxima semana por Harry Lennard, ex-árbitro da Premier League, no Brazil Sports Tech Summit, em São Paulo (SP)

SAOT, que utiliza recursos de IA na marcação de impedimentos, já é adotado na Premier League - Divulgação

Uma nova aposta da empresa de tecnologia Genius Sports quer ajudar a acabar com um drama que assola o futebol desde seus primórdios e que nem os recursos audiovisuais mais modernos foram capazes de sanar.

Criado há nove anos, com o objetivo de dar fim (ou pelo menos reduzir) aos erros de arbitragem nas partidas oficiais de futebol, o Árbitro Assistente de Vídeo (VAR, na sigla em inglês) se tornou alvo de uma infinidade de polêmicas no Brasil, onde essa tecnologia passou a ser adotada na Série A do Brasileirão a partir de 2019.

O problema reside no “fator humano”. Mesmo tendo acesso, em tempo real, a imagens de diferentes ângulos daquilo que ocorre em campo, os operadores do sistema têm tomado decisões questionáveis (ou se omitido) em momentos capitais do jogo, como em marcações de pênaltis, impedimentos ou expulsões.

Um exemplo recente foi observado na partida de ida das oitavas de final da Copa do Brasil 2025, entre Corinthians e Palmeiras, disputada na Neo Química Arena, em São Paulo (SP). Os donos da casa venciam por 1 a 0, quando, no segundo tempo, o zagueiro Gustavo Gómez ajeitou de cabeça para Mauricio empatar para o time alviverde.

Ao analisar o lance, porém, o VAR posicionou a linha de uma forma em que o zagueiro palmeirense aparecia em impedimento. O gol acabou sendo anulado, o Corinthians foi para o jogo de volta em vantagem e acabou se classificando ao vencer o arquirrival no Allianz Parque, por 2 a 0.

O lance em questão está longe de ser um caso isolado. Em tempos recentes, na verdade, é difícil encontrar no Brasil treinadores, dirigentes ou torcedores que estejam plenamente satisfeitos com a atuação do VAR.

Por conta disso, a Genius Sports lançou, neste ano, um sistema que promete dar fim a uma parte das polêmicas relacionadas ao “fator humano” dos árbitros de vídeo.

Automatizar o processo

A ferramenta GeniusIQ utiliza recursos de inteligência artificial (IA) para automatizar a marcação de impedimentos, de modo a “solucionar erros claros e óbvios”, nas palavras de Harry Lennard, ex-árbitro da Premier League e da Federação Internacional de Futebol (Fifa).

“No mês passado, por exemplo, o Palmeiras teve um gol anulado de forma controversa contra o Corinthians durante a partida das oitavas de final da Copa do Brasil. E não é apenas a precisão das decisões que está causando problemas. Os fãs de futebol no mundo todo estão cada vez mais frustrados com os longos atrasos causados pelas verificações manuais de impedimento, que muitas vezes os privam daquele momento único de euforia que um gol do seu time proporciona”, disse o profissional. 

Harry Lennard é ex-árbitro da Fifa e da Premier League – Divulgação

Ele estará em São Paulo (SP), no dia 4 de setembro, para apresentar o GeniusIQ durante o Brazil Sports Tech Summit, que ocorrerá no Museu do Futebol.

Lennard demonstrará o funcionamento do Sistema de Impedimento Semiautomático (SAOT, na sigla em inglês), que já é adotado na Premier League, da Inglaterra, e na Jupiler Pro League, da Bélgica, e que em breve passará a ser utilizado na Liga MX, do México.

Como funciona

No sistema adotado na Premier League e na Jupiler Pro League, o GeniusIQ automatiza quatro das principais etapas para uma decisão de impedimento.

Inicialmente, quando surge algum lance duvidoso, a tecnologia define o ponto do chute e alerta os operadores do VAR.

Depois disso, uma renderização em três dimensões mostrando o plano exato de impedimento (sem linhas manuais) é gerada, a partir do momento preciso em que a bola sai do pé do atleta autor do passe.

Vale lembrar que a forma manual como a linha atualmente é traçada pelos profissionais que atuam como árbitros de vídeo no Brasil, tem sido alvo de frequentes questionamentos por parte de comentaristas esportivos, dirigentes, técnicos e torcedores.

No sistema da Genius, os operadores do VAR recebem essa imagem renderizada em três dimensões, juntamente dos três melhores ângulos de câmera, para poderem revisar e aprovar a decisão.

Além disso, um gráfico explicativo sobre essa marcação é repassado aos canais que fazem a transmissão da partida, podendo também ser apresentado em tempo real aos torcedores, caso o estádio conte com telões.

“Lançada pela primeira vez na Emirates FA Cup em março, seguida pela Premier League em abril, a tecnologia agora está transformando a velocidade, a precisão e a eficiência da tomada de decisões sobre impedimento no futebol europeu”, enfatizou Lennard.