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Cuiabá aposta em atleta perfil “copo vazio” para turbinar negócios nas categorias de base

Em entrevista à Máquina do Esporte, coordenador Thiago Aprígio comentou sobre as estratégias da equipe na formação de jogadores

Cuiabá tem reforçado os investimentos nas categorias de base - Asscom Dourado / Divulgação

Conhecido por formar grandes craques, que brilham nos principais campeonatos do planeta, o futebol brasileiro tem observado, nos últimos tempos, uma disparada nas receitas proporcionadas pelas transferências de jogadores.

Alguns clubes, como Palmeiras e Fluminense, faturam centenas de milhões de reais ao ano, com a venda de seus jovens talentos.

Atualmente disputando a Série B do Brasileirão, o Cuiabá também está atento a esse potencial de receitas e tem investido forte na formação de jogadores.

O coordenador das categorias de base do Dourado, Thiago Aprígio, concedeu entrevista à Máquina do Esporte e comentou sobre as estratégias do clube nessa área.

“Aqui está muito claro que o futuro do Cuiabá depende das categorias de base”, afirmou o executivo.

O modelo adotado pela equipe mato-grossense, porém, não foi estruturado pensando em lançar novos Endricks ou Estêvãos, jovens promessas que foram vendidas a gigantes europeus por cifras milionárias.

“Não entramos em rota de colisão com os grandes clubes da Série A, pois sabemos que é difícil atrair jogadores com esse perfil. A possibilidade de surgir um Endrick na nossa base, só se ele fosse nascido aqui no estado”, explicou o coordenador.

Segundo ele, o foco do Cuiabá está em atrair atletas de “prateleiras menores”, para serem moldados na base do clube.

“Buscamos aquele jogador ‘copo vazio’, que o time grande não tem paciência de desenvolver”, disse.

Thiago Aprígio é coordenador das categorias de base do Cuiabá – Asscom Dourado / Divulgação

Custos menores

A estratégia de investir em jogadores “copo vazio” é fundamental para as finanças do Cuiabá, por duas razões principais.

Por um lado, na medida em que se desenvolvem e passam a atuar na equipe principal, os atletas ficam em evidência e atraem a atenção de outros clubes, podendo injetar recursos no caixa da equipe em futuras transferências.

Por outro lado, eles ajudam a reduzir o tamanho da folha salarial do Dourado.

“Jogador formado na base custa menos que um ‘medalhão'”, enfatizou Aprígio.

Hoje, o Cuiabá possui parcerias com diversas equipes do interior do Brasil, como Ferroviária, Botafogo-SP, Ibrachina e Azuris, que fornecem promessas com esse perfil bom e barato.

Investimentos

Em 2022, o Cuiabá recebeu o Certificado de Clube Formador (CCF), sendo o primeiro time do Mato Grosso a obter esse selo.

A partir daí, o investimento da equipe nas categorias de base foi intensificado, com a inauguração do Centro de Treinamento (CT) Manoel Dresch, em março de 2024, que recebeu aporte de R$ 50 milhões.

O clube ainda investiu outros R$ 6 milhões na nova academia de futebol do CT, adquirindo equipamentos utilizados por clubes europeus como Chelsea, PSG, Milan e Juventus.

A estratégia adotada pelo Cuiabá em suas categorias de base já vem surtindo efeito. Em 2024, o clube negociou o lateral-esquerdo Rikelme com o Shabab Al-Ahli, dos Emirados Árabes Unidos, por R$ 18,5 milhões, naquela que é considerada a maior transação da história do Dourado.