A política de preços de ingressos da Fifa para a Copa do Mundo de 2026, que será realizada nos Estados Unidos, Canadá e México, tem gerado críticas de torcedores e de políticos locais.
A entidade anunciou que adotará um modelo de preços variáveis, o que pode fazer com que torcedores paguem valores diferentes pelos mesmos ingressos, dependendo da data em que forem contemplados na pré-venda.
A janela de inscrições para o sorteio de pré-venda foi aberta na última quarta-feira (10) e se estenderá até a próxima sexta-feira (19). Durante esse período, apenas portadores de cartões Visa podem se inscrever. Os selecionados terão acesso à compra de ingressos a partir de 1º de outubro. A Fifa confirmou que, para partidas da fase de grupos, os preços começam a partir de US$ 60.
Modelo
O modelo de preços variáveis difere da precificação dinâmica, pois envolve decisões humanas na gestão dos valores, em vez de depender exclusivamente de algoritmos que monitoram a demanda. Fontes próximas ao processo afirmaram que isso deve resultar em uma curva de aumento de preços menos acentuada.
Apesar disso, o modelo foi alvo de críticas por parte da Football Supporters Europe (FSE) e do candidato à prefeitura de Nova York, Zohran Mamdani (Partido Democrata).
“Achamos que a Fifa está enviando a mensagem errada ao implementar [preços variáveis] para a Copa do Mundo”, afirmou Ronan Evain, diretor-executivo da FSE.
“O principal argumento deles é que a estrutura legal dos EUA não permitiria que eles fizessem nada mais. Acho isso muito difícil de acreditar”, acrescentou.
Evain também destacou os custos elevados para os torcedores poderem acompanhar a Copa do Mundo nos EUA.
“Esta será uma Copa do Mundo cara. É caro viajar dentro dos EUA, é caro ir ao estádio, com quase nenhum transporte público”, criticou.
“Nada disso está sob o controle da Fifa. O que a Fifa controla é o preço dos seus ingressos. É o único item em que ela poderia ter agido para, pelo menos simbolicamente, reduzir o custo total da competição para os torcedores que vão aos jogos”, completou.
Protestos
A petição “Game Over Greed”, criada por Mamdani, pede que a Fifa abandone a política de preços variáveis, limite os valores de revenda e reserve 15% dos ingressos com desconto para moradores locais.
“É hora de colocarmos o jogo acima da ganância e sediar uma Copa do Mundo que todos os nova-iorquinos possam aproveitar”, afirma o texto da campanha.
Além das críticas, houve relatos de dificuldades técnicas por parte de torcedores ao tentar se inscrever para o sorteio. A Fifa informou que as inscrições não seguem ordem de chegada, o que garante igualdade de chances para todos os inscritos até o fim do prazo.
Comunicado oficial
Em um comunicado oficial, a Fifa defendeu o plano de venda de ingressos que será seguido pela entidade na próxima Copa do Mundo.
“O modelo de preços adotado reflete, de modo geral, as práticas de mercado existentes e em desenvolvimento em nossos coanfitriões para grandes eventos esportivos e de entretenimento, incluindo futebol, que acontecem diariamente”, informou a Fifa.
“Estamos focados em garantir acesso justo ao nosso jogo para torcedores atuais e potenciais, e estamos oferecendo ingressos para a fase de grupos a partir de US$ 60, um preço muito competitivo para um grande evento esportivo global nos EUA”, acrescentou o texto.
A entidade também afirmou que manterá reservas para categorias específicas de torcedores com preços fixos, e que sua plataforma de revenda oferecerá um método seguro para compra e venda de ingressos no mercado secundário, conforme permitido pela legislação dos EUA.
Segundo a Fifa, como organização sem fins lucrativos, a receita gerada com a Copa do Mundo será reinvestida no desenvolvimento do futebol em suas 211 associações-membras.
A expectativa é que mais de 90% dos investimentos orçados para o ciclo de 2023 a 2026 sejam destinados ao crescimento do esporte em nível global.