A popularização das redes sociais deu voz a legiões imensas de pessoas. Ao acessar alguma plataforma a qualquer instante, vamos nos deparar com opiniões infindáveis sobre os assuntos mais impensáveis. É como se os usuários tivessem quase que uma espécie de obrigação de se expressar sobre tudo, em todas as ocasiões.
Durante a entrevista concedida nesta semana ao podcast Maquinistas, da Máquina do Esporte, o ex-jogador e atual comentarista de tênis Fernando Meligeni comentou a respeito do modo como os atletas se comportam nas redes sociais.
Fininho lembrou que, atualmente, essa interação nas plataformas digitais tornou-se parte inseparável da rotina dos esportistas famosos.
“Hoje em dia, não basta você apenas ir lá e treinar, pensando que acabou o seu dia. Precisa também reservar uma parcela do tempo para pegar o celular e ficar respondendo [as interações dos fãs]”, disse.
Meligeni citou o caso do atacante Neymar, do Santos, que possui forte presença no ambiente digital e às vezes acaba por se envolver em polêmicas nas redes.
“É difícil para ele. Ele gosta de se posicionar”, avaliou o ex-tenista.
Na visão de Meligeni, atletas deveriam evitar polêmicas que extrapolem o universo esportivo.
“Devo me expor naquilo em que sou relevante. Vale a pena hoje falar sobre política? Não vale. Porque não vou mudar o mundo. No tênis, eu sou relevante. Se amanhã alguém meter o pau no tênis, eu vou brigar com a pessoa e me posicionar. Agora, se a pessoa disser que gosta de algo na política ou na religião, isso não vai mudar nada para mim”, afirmou.
Na conversa com Erich Beting e Gheorge Rodriguez, Meligeni também analisou a realidade financeira dos tenistas atuais, comparando este momento com o período em que atuou nas quadras.
“Como você vai chegar a um garoto de 18 anos, que já está com milhões de dólares na conta, que já não precisa mais de ninguém, que, entre aspas, está com a ‘vida ganha’, e falar que ele tem de ser correto, coerente, educado? O cara passa por cima”, ponderou.
Na opinião de Meligeni, um grande risco para os esportistas profissionais é se acostumarem às cifras elevadas que vigoram enquanto eles estão no auge.
“Hoje, para um tenista, R$ 10 mil não são nada. O cara gasta R$ 20 mil em uma passagem, R$ 30 mil com o treinador. Os números são muito altos. Só que ele não pode perder [de vista] o que são R$ 10 mil, R$ 15 mil, R$ 5 mil. Porque senão, quando ele para de jogar, vai dizer: ‘quero ganhar os US$ 30 mil que eu ganhava no tênis’. Jura que você quer ganhar um salário de R$ 150 mil? Tem de ser presidente da empresa”, afirmou.
Acompanhe o podcast Maquinistas, apresentado por Erich Beting e Gheorge Rodriguez, com a participação do ex-jogador e comentarista de tênis Fernando Meligeni, no canal da Máquina do Esporte no YouTube:
