Nos últimos anos, o futebol tem expandido suas fronteiras. Mais do que performance esportiva, os clubes vêm se consolidando como instituições com impacto real sobre a sociedade, atuando em causas de saúde, diversidade, educação e cidadania, o que finalmente reflete a compreensão mais ampla do papel social do esporte, uma dimensão já consolidada na Europa e cada vez mais presente no Brasil.
De acordo com o ECA Club Management Guide (2015), documento referência da European Club Association (ECA), ou Associação de Clubes Europeus, a atuação de um clube moderno se divide em três pilares: esportivo, negócios e comunidade. Este último, muitas vezes negligenciado, conecta as equipes a seu entorno (torcedores, parceiros e governos), transformando o futebol em uma plataforma de diálogo e desenvolvimento social.
Enquanto o pilar esportivo busca desempenho e o de negócios garante sustentabilidade, o eixo de comunidade tem como missão gerar vínculos, inclusão e impacto positivo. Recentemente, no mercado brasileiro, tivemos dezenas de iniciativas de clubes que extrapolaram o esporte para trazer impacto positivo para a sociedade. Destacamos algumas, com os temas mais explorados:
Saúde mental e empatia
O Atlético-MG inovou ao substituir o minuto de silêncio por “1 Minuto de Conversa”, em parceria com o Centro de Valorização da Vida (CVV), convidando atletas e torcedores a dialogarem sobre prevenção ao suicídio. O Sport também aderiu à ação, com camisas amarelas e contato direto com o CVV, transformando o estádio em um espaço simbólico de cuidado coletivo.
Diversidade e inclusão
O Vasco escreveu os nomes dos jogadores em Libras nas camisas, em homenagem ao Dia Nacional dos Surdos. Já o Bahia firmou uma parceria com o Fundo de População da Organização das Nações Unidas (ONU) no projeto “Movimento Bola da Vez: Masculinidade Positiva”, voltado à conscientização sobre violência e assédio.
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O Corinthians, por sua vez, integrou o movimento “Elas Jogam Junto”, da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB-SP), promovendo campanhas educativas e convidando os clubes a se tornarem ambientes seguros para mulheres. Antes, o duelo entre São Paulo e Botafogo, pelo Brasileirão, havia sido escolhido para o lançamento do movimento.
Engajamento comunitário
Clubes também têm usado seus símbolos como instrumentos de solidariedade. Vasco e Sport promoveram leilões de camisas autografadas para financiar projetos sociais em comunidades locais, como resultado de ações que haviam promovido o Dia Nacional dos Surdos, e também como ação em apoio ao Setembro Amarelo.
Acessibilidade financeira
O São Paulo se destacou com o projeto “Ingresso para o Futuro”, patrocinado pela Ademicon, que sorteia entradas para crianças de até 11 anos acompanhadas de adultos. O programa já beneficiou mais de 400 pessoas por partida, democratizando o acesso e formando novas gerações de torcedores.
Saúde feminina
Neste Outubro Rosa, clubes das Séries A e B reforçaram campanhas de conscientização sobre o câncer de mama. O Santos lançou uma camisa temática com parte da renda destinada à Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), enquanto o Internacional ofereceu entrada gratuita para sócias e amigas, apoiando o Instituto da Mama (Imama-RS).
O Sport, por sua vez, promoveu a quinta edição da campanha “Um Toque Pela Vida”. Já o Fortaleza homenageou funcionárias que venceram a doença, e outras equipes, como Palmeiras, Vasco, Athletico-PR, Fluminense e Grêmio, também aderiram com ações educativas e doações (saiba mais).
Essas experiências comprovam que o futebol moderno já não se sustenta apenas em vitórias ou finanças. Clubes que compreendem seu papel social constroem marcas mais fortes, comunidades mais engajadas e legados mais duradouros. Ao se tornarem agentes de transformação, reforçam que o esporte, mais do que entretenimento, é pertencimento e mudança.
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