Um dos principais e mais decisivos jogadores de um grande clube se contunde, faltando poucas semanas para a maior decisão que a equipe fará no ano.
Em alguns times, isso seria a fórmula para uma crise quase que certa. Que o diga o São Paulo, por exemplo, que recentemente precisou mudar a forma de divulgar os comunicados médicos, em meio a uma onda de contusões que abateu alguns dos principais atletas do elenco.
No Flamengo, porém, até uma notícia ruim, como uma contusão, vira oportunidade para se faturar com publicidade.
Clube mais rico do país, com receitas recorrentes (aquelas que não incluem ganhos eventuais, como venda de atletas) que atingiram R$ 1,210 bilhão no ano passado, segundo dados do Relatório Convocados/Outfield 2025, o Flamengo tem conseguido se destacar dentro de campo, acumulando troféus e disputando os principais títulos do Brasil e do continente.
A equipe está classificada para a final da Copa Libertadores 2025 e terá o Palmeiras como adversário. Uma das grandes preocupações do time rubro-negro é a fratura que acometeu o braço direito do atacante Pedro, durante a partida contra o Racing, da Argentina, em 22 de outubro.
Ao comentar sobre o ferimento do atleta, o jornalista Carlos Eduardo Eboli, do canal por assinatura Sportv, deu a seguinte declaração: “Calcificação é calcificação, mas, sei lá, enche o cara de leite. Trinta dias de leite para o Pedro. Para calcificar logo esse braço.”
A fala do comentarista viralizou nas redes, sobretudo pelo duplo sentido (provavelmente não intencional) que ela carrega.
Mas onde muitos viram obscenidade, a marca de laticínios Piracanjuba enxergou a oportunidade de ampliar sua exposição junto aos fãs do time de maior torcida do país e que soma mais de 64 milhões de seguidores nas redes sociais.
A Piracanjuba decidiu ouvir o clamor de Eboli e colocar Pedro para tomar leite. Tudo exibido nas redes sociais do próprio atleta.
O leite, no caso, é da linha Piracanjuba +Cálcio. Pedro ainda aproveitou para ironizar o comentário do profissional, com a legenda: “Seguindo recomendações jornalísticas”.
Outros casos
O episódio de Pedro tomando leite não é o primeiro caso em que o Flamengo e seu elenco aproveitam uma situação negativa para criar uma oportunidade de faturamento.
O jogador acabara de marcar o primeiro gol da vitória do Flamengo sobre o Athletico-PR, por 2 a 0. Enquanto comemorava próximo à arquibancada, quase foi atingido por algo atirado por um torcedor rival. Após notar que se tratava de um alimento, mostrou o item ao árbitro e em seguida o devorou, em um gesto de ironia.
Aproveitando a comoção criada em torno dessa cena, o Brownie do Luiz resolveu promover o lançamento “relâmpago” de uma lata temática, em homenagem ao atacante do Flamengo.
O conceito e o desenho da lata Gabigol foram elaborados pela Alob Sports, agência de marketing esportivo parceira do Brownie do Luiz, em parceria com a 4ComM.
Um outro exemplo de como o clube vem sendo capaz de reinterpretar situações negativas a seu favor pode ser encontrado na programação da Flamengo TV.
Fãs de esportes já devem ter lido ou ouvido, mais de uma vez, a expressão “Flapress”, utilizada para se referir a uma suposto favorecimento da imprensa esportiva (ou de parte dela) ao clube carioca.
Pois Flapress foi justamente o nome escolhido para os programas informativos do canal, que conta com 7,3 milhões de inscritos no YouTube.
A cobertura da semifinal contra o Racing feita pela Flapress, diretamente do Estádio El Cilindro, em Alvellaneda, na Argentina, alcançou 144 mil visualizações.
A Flamengo TV, vale lembrar, converteu-se em um dos grandes ativos publicitários do clube. Seu elevado número de inscritos foi um fator decisivo para que o contrato de patrocínio máster com a Betano alcançasse a soma de R$ 268 milhões anuais.
Além de estampar sua logomarca na camisa rubro-negra, a casa de apostas também assumiu o naming right do novo estúdio da Flamengo TV.
