O retorno de Neymar ao Santos, no final de janeiro, gerou impactos diretos na estratégia de marketing e negócios do clube. O jogador tem sido utilizado como ativo comercial em campanhas, ativações e acordos com patrocinadores, ampliando a visibilidade da marca e também as receitas do clube.
“O acordo prevê a utilização da imagem dele para potencializar nossos patrocinadores, acordos comerciais, não só os patrocínios do Santos, mas também os contratos vinculados ao clube e ao Neymar”, contou Caio Lacerda, executivo de marketing e negócios do Santos, à Máquina do Esporte, após participação em um debate no Sports Summit, realizado na semana passada, em São Paulo (SP).
Receitas
A valorização das propriedades comerciais do Santos, especialmente do uniforme, contribuiu para uma projeção de arrecadação superior a R$ 200 milhões com marketing em 2025.
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Como comparação, segundo o executivo, o clube teve faturamento inferior a R$ 100 milhões em 2024. É preciso ressaltar, porém, que além do “Fator Neymar” pesando para esse incremento, o Santos disputou a Série B do Campeonato Brasileiro em 2024, o que também limitou os ganhos do marketing do clube.
“Só as nossas propriedades de uniforme, que foram valorizadas, somam mais de R$ 100 milhões. Há uns anos, fechávamos a conta em R$ 70 milhões a R$ 80 milhões. Então, já dá para ter uma ideia do crescimento”, disse o executivo.
Atualmente, o clube conta com 14 patrocinadores no uniforme: Umbro (material esportivo); 7K (patrocínio máster); Havan (barra frontal); Canção Alimentos (clavícula); Farmácias Nissei (esterno); Viva Sorte (parte superior das costas); Placo e EQR Capital (barra traseira); Loovi Seguros (números); Kicaldo (mangas); Next10 e Uniasselvi (calção); Pley by Ney (braçadeira de capitão) e Pague Safe (meião). Há, porém, quem critique o excesso de marcas, comparando a camisa santista a um abadá.
Além dos patrocínios, o clube recebeu investimentos em infraestrutura por meio de parceiros comerciais. A WePlan, por exemplo, investiu cerca de R$ 4 milhões na reforma dos alojamentos do CT Rei Pelé e em estruturas para a base.

Produtos
A camisa azul, inspirada no modelo usado por Neymar em sua primeira passagem pelo clube, foi um dos principais produtos lançados em 2025. Segundo o executivo, desde o retorno do atacante, o Santos já vendeu mais de 200 mil unidades do produto, superando a média de 100 mil a 180 mil unidades alcançada em temporadas anteriores.
“O grande ativo deste ano é a camisa azul, que traz o simbolismo da época em que o Neymar jogou aqui. A gente reviveu esse sentimento com o torcedor santista através do produto”, explicou Lacerda.
Digital
O impacto também se refletiu no ambiente digital. Segundo o Ranking Digital dos Clubes Brasileiros do Ibope Repucom, o Santos ocupava a 5ª posição em janeiro de 2025, com 14 milhões de inscrições somadas nas principais redes sociais (Facebook, Instagram, X, YouTube e TikTok).
Em março, apenas um mês após a chegada de Neymar, o clube havia subido para a 3ª colocação, com 23,4 milhões de fãs em suas plataformas oficiais, ultrapassando rivais como São Paulo e Palmeiras, e ficando atrás apenas de Flamengo e Corinthians, as duas maiores torcidas do Brasil. No último ranking, divulgado na última terça-feira (4), o clube mantém o terceiro posto, com 25,6 milhões de seguidores.
O crescimento digital foi impulsionado por ações de engajamento e acompanhado pela presença de Neymar em campanhas publicitárias desenvolvidas pelo marketing do clube.
“Tivemos um ganho no todo. Houve a valorização dos nossos contratos, das nossas propriedades, e ele [Neymar] também pode ser potencializado participando dessas negociações com a gente”, afirmou Lacerda, citando marcas como Havan, Canção Alimentos, Viva Sorte e Loovi Seguros.
O desempenho nos gramados, porém, tem sido aquém do esperado. Neymar tem enfrentado seguidas lesões, desfalcando o time. Além disso, o Santos ocupa apenas a 16ª posição no Campeonato Brasileiro e está só um ponto à frente do Vitória, primeiro clube dentro do Z4. Longe da briga pelo título, o time da Vila Belmiro luta nesta temporada para se livrar do rebaixamento.
Projeção
Se dentro de campo as coisas não vão bem, fora dele o Santos planeja ampliar o número de marcas parceiras, com foco em acordos que vão além do uniforme. Atualmente, mais de 40 empresas se relacionam com o clube, e a meta é expandir ainda mais esse número.
“Se você olha os clubes europeus, eles têm duas ou três marcas no uniforme. Mas têm mais de 200 marcas vinculadas. Queremos fazer isso: amplificar ainda mais a possibilidade de receitas e a presença da marca Santos, não só no plano nacional, mas também global”, concluiu.
