O futebol feminino construiu um público grande e fiel no Brasil. Mas conseguir assistir aos jogos ainda é um desafio para fãs. É o que mostra a pesquisa inédita “Consumo do Futebol Feminino”, realizada pela Máquina do Esporte e as Dibradoras.
Os resultados foram apresentados na abertura do “Fórum Futebol Feminino – 2027: O jogo é em casa”, realizado pela Máquina do Esporte e as Dibradoras nesta segunda-feira (17), no Teatro ESPM, na sede da ESPM, em São Paulo (SP).
A pesquisa foi realizada entre os dias 20 e 28 de outubro deste ano, por meio de um formulário no Google Forms, com divulgação nos perfis das Dibradoras e da Máquina do Esporte no Instagram, além de grupos de WhatsApp ligados ao futebol. Ao todo, 783 pessoas participaram do levantamento, das quais 62% tinham entre 18 e 35 anos de idade e 68% eram mulheres.
O universo de participantes tem predomínio de pessoas com nível superior completo (54%) e de moradores da Região Sudeste (70%).
O público que respondeu à pesquisa apresenta um consumo intenso do futebol feminino, com 90% declarando que assiste a jogos masculinos e femininos e 96% afirmando que acompanham competições femininas de clubes ou seleções.
A apresentação dos dados foi feita por Erich Beting, da Máquina do Esporte, e Angélica Souza, das Dibradoras.
Consumo
Quando questionados há quanto tempo acompanham o futebol feminino, 26% disseram que de um a três anos. Outros 31% declararam que de quatro a sete anos, enquanto 13% responderam que de oito a 11 anos.
A pesquisa mostra que sete em cada dez participantes (70,1%) recorrem às redes sociais para se informar e assistir aos jogos.
As TVs por assinatura (68,6%) e aberta (66,9%), além do streaming (64,9%), também possuem forte presença, mostrando que o consumo do esporte se espalha por múltiplas plataformas. A pesquisa ainda mostra que 42,3% dos participantes declaram ir aos estádios.
Quase metade dos entrevistados (41,9%) afirmou que consome jogos ou conteúdos sobre a modalidade, quatro vezes por semana ou mais.
Outros 12% acompanham três vezes por semana, ao passo que 18,3% fazem isso duas vezes por semana e 21,7%, uma vez por semana.
Ao todo, 49% dos entrevistados afirmaram já ter ido quatro vezes ou mais, enquanto 29,8% nunca foram.
Quando se analisa a frequência, 34% vão menos de uma vez por mês, ao passo que 29,8% afirmam nunca ir. Isso sem contar 29,6% que dizem ir de uma a três vezes por mês ao estádio.
Barreiras
Apesar dessa forte afinidade dos participantes com a modalidade, a pesquisa mostra que o público fã do futebol feminino ainda encontra sérias barreiras para assistir aos jogos, seja nas diferentes plataformas, seja presencialmente nos estádios.
A falta de transmissão foi apontada por 57% dos entrevistados como a principal barreira para não assistir aos jogos.
Já 47% citaram o horário dos jogos, enquanto 41% mencionaram a ausência de divulgação. Para 34%, a falta de transmissão na TV aberta também é considerada uma barreira.
Com relação às dificuldades de ir ao estádio, os horários e dias de jogos foram apontados por 81% como o principal empecilho.
A localização das partidas foi mencionada por 61%, ao passo que a questão da divulgação foi apontada como um empecilho 38% dos entrevistados.
“Mesmo com toda essa dificuldade que existe, temos muita gente interessada no futebol feminino. Imagine se houvesse uma força maior para a categoria”, ponderou Angélica.
“Existe um público todo engajado para consumir o futebol feminino. Quanto mais chance a gente der para as pessoas se aproximarem desse universo, mais vamos acelerar esse processo de crescimento da modalidade”, afirmou Beting.
Jogadoras e marcas mais lembradas
Maior ídolo da história do futebol feminino brasileira, Marta foi a atleta mais lembrada pelos participantes da pesquisa.
Entre outros nomes muito citados estão os de Gabi Zanotti, Byanca Brasil, Tamires, Cristiane, Isa Haas e Duda Sampaio.
Entre as marcas mais mencionadas estão Gerdau e Nike, além de aparecerem outras como Amazon e Petrobras.
“O que fica claro é que a marca precisa ter consistência no esporte e uma comunicação voltada ao futebol feminino”, salientou Beting.
Para 56,4% dos participantes, as marcas têm papel relevante para fortalecer o futebol feminino, mas esses entrevistados acreditam que federações e clubes também precisam agir.
Outros 26,3% afirmam que anunciantes são parte do processo, embora não garantam sozinhos o sucesso da categoria.
Já 14,8% consideram que a atuação das marcas é fundamental para o crescimento da modalidade.
Entre os entrevistados da pesquisa, 82,4% declararam que estariam mais propensos a consumir marcas que apoiam o futebol feminino. Além disso, 67% disseram já haver comprado produtos oficiais, como ingressos, camisas ou itens relacionados à modalidade.
“Futebol feminino é negócio. Se você conseguir se aproximar e entender o consumidor, terá dinheiro na mesa. Mas muitas marcas ainda não entenderam isso”, observou Angélica.
Copa do Mundo Feminina
A Copa do Mundo Feminina 2027 já mobiliza os participantes da pesquisa, com 94,8% afirmando saber que o Brasil será sede da competição. Já 80,8% dizem que pretendem comprar ingressos do torneio. Outros 17,6% irão acompanhar pela TV.
Os entrevistados foram também convidados a opinar sobre mudanças que gostariam que ocorressem na modalidade, até o ano do Mundial.
Para 79%, é necessário que haja mais investimentos por parte dos clubes. Na avaliação de 60%, deveria haver mais transmissões de futebol feminino na TV.
Na opinião de 57%, a categoria deveria receber maior valorização financeira. Por fim, 37% pedem mais patrocinadores e 31% gostariam que houvesse uma melhor infraestrutura para a modalidade.
O “Fórum Futebol Feminino – 2027: O jogo é em casa” conta com os patrocínios de Nike e Amazon, além dos apoios de Genial Investimentos, Administração ESPM e Fotop.
