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Corinthians: Saiba o passo a passo da reforma do estatuto e a proposta para transformar o clube em SAF

Assembleias públicas discutem mudanças estatutárias, e projeto SAFiel prevê participação de torcedores como investidores

Memphis Depay comemora gol contra o Cruzeiro pela semifinal da Copa do Brasil - Rodrigo Coca/Agência Corinthians

Memphis Depay comemora o gol da vitória do Corinthians sobre o Cruzeiro pelas semifinais da Copa do Brasil - Rodrigo Coca / Agência Corinthians

O Corinthians iniciou, neste mês de dezembro, uma série de audiências públicas para debater a reforma de seu estatuto social. O processo, que deve se estender até março de 2026, inclui capítulos específicos sobre a possibilidade de adoção de uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF).

Em uma assembleia realizada com sócios, conselheiros e representantes de torcidas organizadas, o tema foi colocado em pauta.

Estatuto

Segundo Carlos Teixeira, um dos idealizadores da SAFiel, o estatuto atual do clube é vago em relação à adoção de uma SAF.

“O objetivo do novo estatuto é deixar isso bem regulado, abrangendo parâmetros e ritos”, afirmou o empresário, em entrevista à Máquina do Esporte.

Os próximos passos para a possibilidade de implantar uma SAF no Timão passam por uma votação no Conselho Deliberativo. Caso aprovada a mudança, o projeto ainda passará pela Assembleia Geral de Sócios. Todo o processo deve ser finalizado, se não houver nenhum atraso, até março.

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Durante uma audiência realizada na última segunda-feira (8), Teixeira apresentou a proposta da SAFiel, mesmo em um encontro que tinha como foco apenas a discussão da possível mudança estatutária.

“Curiosamente, o último conselheiro a falar sugeriu à mesa que fosse formado um grupo de trabalho para debater nossa proposta”, contou.

Caso a sugestão seja aceita, o projeto poderá ser discutido em paralelo ao cronograma da reforma no estatuto do clube do Parque São Jorge.

Proposta

A SAFiel prevê que os torcedores sejam os principais investidores da futura SAF do Corinthians. É um modelo similar ao que é seguido no exterior pelo Bayern de Munique, clube mais bem-sucedido da Alemanha. No Brasil, ainda não há nenhum time que adote uma gestão semelhante de SAF.

“Os torcedores comprariam as ações do clube, com regras específicas para não haver desproporcionalidade”, explicou Teixeira.

O modelo prevê três faixas de acionistas: populares, varejo amplo e investidores profissionais.

De acordo com o executivo, a modelagem considera a captação de R$ 2,5 bilhões, sendo R$ 1,5 bilhão por meio de torcedores e R$ 1 bilhão por empresas.

“Prevemos pelo menos 300 mil acionistas. Ninguém entre esses acionistas terá poder relevante”, disse.

Ele acrescentou que investidores institucionais poderiam participar com até 49%, mas que a expectativa é de maior participação popular.

Governança

O projeto prevê um Conselho de Administração formado por conselheiros independentes e representantes dos torcedores e do clube associativo.

“O torcedor vota nos conselheiros independentes, mas não na gestão executiva”, destacou Teixeira.

A proposta também estabelece que nenhuma das partes envolvidas — torcedores ou clube associativo — poderá ocupar cargos de diretoria ou gestão na SAF.

“Você não consegue usar suas ações para chegar na diretoria ou em um cargo de gerenciamento dentro da SAF”, enfatizou Teixeira.

“Nós pensamos em um modelo que é de fato impessoal e totalmente blindado de captura”, acrescentou.

Dívidas

O executivo destacou que a situação financeira do Corinthians é um dos principais motivadores da proposta.

“Hoje, 50% da receita do clube é destinada ao pagamento de dívidas. Foram R$ 400 milhões em juros neste ano”, revelou.

Teixeira ressaltou que qualquer redução da dívida que a SAFiel, caso seja efetivada, consiga em negociações com credores, seria revertida em benefício do clube associativo, aumentando sua participação acionária na SAF.

Diante da situação de fragilidade financeira de vários dos principais clubes associativos do futebol brasileiro, o executivo acredita que a transformação em SAF será inevitável. Nessa conta, poderiam entrar clubes como Santos, São Paulo, Grêmio e Internacional, que atualmente seguem o velho modelo de gestão.   

“A questão para o Corinthians é qual tipo de SAF será feita. Se será uma em que um fundo se torne dono ou se será uma que permita ao torcedor ser o investidor”, defendeu.