Os borderôs das três últimas edições do Campeonato Brasileiro analisados pela Máquina do Esporte mostram um Flamengo cada vez mais central na economia da Série A. Entre 2023 e 2025, o clube manteve altos níveis de público e ampliou sua participação tanto na arrecadação bruta quanto, principalmente, no líquido a receber do campeonato, reforçando seu papel na competição.
Em 2023, o Flamengo levou 1.101.993 torcedores aos estádios, o equivalente a 10,8% do público total do Brasileirão, que somou 10,2 milhões de pessoas. A arrecadação bruta rubro-negra chegou a R$ 69,5 milhões, respondendo por 13,8% da renda total do campeonato no ano. No líquido a receber, o clube acumulou R$ 31,9 milhões, o que representou 12,4% dos R$ 256,6 milhões gerados pela Série A. Mesmo nesse primeiro recorte do triênio, o Flamengo já aparecia acima da média da competição em geração de receita por jogo.
O cenário muda em 2024. O público rubro-negro caiu para 1.034.489 torcedores, ainda assim equivalente a 10,3% do total do Brasileirão, que fechou a temporada com 10,1 milhões de presentes. A arrecadação bruta recuou para R$ 59,5 milhões, participação de 11,7% no total do campeonato. No líquido a receber, a queda foi mais acentuada: R$ 21,9 milhões, ou 8,9% do valor líquido da competição. O resultado reflete um ano de maior pressão de custos e menor eficiência financeira, tanto em relação ao histórico recente do clube quanto ao desempenho agregado da Série A.
Em 2025, no entanto, os números voltaram a subir de forma consistente. O Flamengo registrou 1.188.406 de torcedores no total, o que corresponde a 11,8% de todo o público do Campeonato Brasileiro, que somou 10.089.319 pessoas. A arrecadação bruta alcançou R$ 81,7 milhões, participação de 15,8% na renda total do torneio. O dado mais expressivo, no entanto, aparece no líquido a receber: com R$ 47 milhões, o clube concentrou 17,7% de todo o valor líquido gerado pelo Brasileirão 2025, que fechou o ano em R$ 266 milhões.
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Para se ter uma ideia, o menor resultado no líquido a receber pelo Flamengo no Brasileirão 2025 ocorreu no duelo contra o Juventude, no dia 16 de abril, uma quarta-feira, às 21h30 (horário de Brasília), pela 4ª rodada. À ocasião, o time rubro-negro goleou a equipe gaúcha por 6 a 0. Nesse jogo, o líquido a receber foi de R$ 892.257,33, valor superior a 258 jogos do campeonato.
O melhor resultado líquido a receber pelo Flamengo no torneio ocorreu no confronto diante do Grêmio, no dia 31 de agosto, um domingo, às 16h, pela 22ª rodada. Em campo, houve empate por 1 a 1. O valor líquido deste jogo foi de R$ 3.302.897,16, o segundo maior de todo o torneio, perdendo apenas para Cruzeiro x Santos, no Mineirão, no dia 10 de agosto, pela 19ª rodada, que alcançou o valor líquido a receber de R$ 3.736.297,38.
Eficiência econômica
Os números da temporada também ajudam a explicar a eficiência econômica do Flamengo. Mesmo com 72.048 ingressos zerados ao longo do ano, o clube conseguiu ampliar de forma significativa a arrecadação e a participação no resultado financeiro da competição. Como ocorre na maioria dos jogos do Brasileirão, o tíquete médio calculado a partir dos borderôs inclui gratuidades, o que subestima o valor efetivamente pago pelo torcedor. No caso rubro-negro, esse efeito tende a ser ainda mais relevante, dada a escala de público e o volume de ações promocionais adotadas ao longo da temporada.
O tíquete médio dos ingressos do Flamengo em 2025 foi de R$ 73,25, calculado a partir da divisão da arrecadação bruta pelo público total, descontados os ingressos gratuitos. O valor é R$ 20,25 superior à média do Campeonato Brasileiro na temporada, estimada em R$ 53,00.
A comparação com o total do campeonato reforça que o Flamengo não apenas leva mais torcedores aos estádios, mas converte essa presença em receita e resultado financeiro em proporção superior à média da Série A. Em um Brasileirão no qual cerca de um quinto das partidas terminou com líquido negativo, o desempenho rubro-negro ajudou a sustentar a economia do campeonato e explicitou a distância do clube em relação ao restante do mercado nacional.
