O Banco do Brasil deu um ultimato à Confederação Brasileira de Vôlei. A instituição financeira, parceira da entidade há 23 anos, disse que só manterá o apoio à modalidade caso a CBV adote “medidas corretivas” na sua gestão.
Em nota divulgada à imprensa, o banco afirma que não compactua com “qualquer prática ilegal, ou que seja prejudicial ao esporte, eventualmente cometida pelas entidades com quem mantém contratos de patrocínio”.
No comunicado, o BB vai além e ameaça deixar o patrocínio ao vôlei, pelo qual paga cerca de R$ 60 milhões ao ano: “O Banco condiciona a manutenção do apoio ao vôlei ao pronto esclarecimento dos fatos denunciados e à imediata adoção de medidas corretivas”.
O ultimato do BB ocorre após a confirmação da renúncia do presidente Ary da Graça Filho, enviada à CBV em 20 de dezembro de 2013 e confirmada apenas na última sexta-feira, dia 14 de março, em Assembleia Geral da entidade nacional.
Além disso, nas últimas semanas a ESPN Brasil mostrou documentos que comprovam o pagamento de comissões a dois ex-funcionários da CBV pela intermediação do acordo de patrocínio com o BB. Ary Graça, por meio de uma nota oficial, confirmou o pagamento a Marcos Pina e Fábio Azevedo, que ocuparam a superintendência da CBV, mas afirmou que os dois atuaram não como intermediadores, mas ao lado da entidade na renegociação do contrato. O presidente da Federação Internacional de Vôlei também disse que o valor não chegou aos R$ 10 milhões, como dito na reportagem da ESPN.
A renúncia de Graça faz parte de uma série de mudanças promovidas na CBV desde setembro do ano passado, quando um dossiê com diversas denúncias começou a ser usado para tirar os principais executivos da entidade. O documento, que tem como principal responsável o técnico da seleção masculina Bernardinho, tem sido usado para colocar pessoas de confiança do treinador no comando da CBV.
Segundo o Blog do Erich Beting, diretor executivo da Máquina do Esporte, Bernardinho tem agido nos bastidores desde novembro, quando Leila e Renan, ex-jogadores e que atualmente ocupam cargos gerenciais na modalidade, foram chamados para compor uma comissão sobre a Superliga. Depois deles, Radamés Lattari e Neuri Barbieri, pessoas do círculo de confiança de Bernardinho, também foram chamados para cargos importantes na CBV.
Confira abaixo a nota do BB na íntegra:
Em relação às denúncias envolvendo a Confederação Brasileira de Vôlei, o Banco do Brasil esclarece que não irá compactuar com qualquer prática ilegal, ou que seja prejudicial ao esporte, eventualmente cometida pelas entidades com quem mantém contratos de patrocínio. O Banco condiciona a manutenção do apoio ao vôlei ao pronto esclarecimento dos fatos denunciados e à imediata adoção de medidas corretivas.
O Banco do Brasil já solicitou esclarecimentos à CBV imediatamente após a divulgação dos primeiros fatos e aguarda as respostas da entidade para avaliar os desdobramentos relativos ao contrato de patrocínio.
Apesar de não ter responsabilidade legal ou contratual para fiscalizar a aplicação dos recursos do patrocínio, o Banco do Brasil entende que é necessário a CBV adotar novas práticas de gestão que tragam mais transparência para a aplicação dos recursos e, por exemplo, vedem a contratação de empresas que eventualmente tenham como sócios dirigentes da Confederação.
O Banco do Brasil apoia o vôlei brasileiro há 23 anos, período em que o Brasil, nesta modalidade esportiva, conquistou 19 medalhas olímpicas e mais de 50 títulos mundiais na quadra e na areia, em todas as categorias.