A mudança de estrutura foi brusca, mas mudar a mentalidade demanda algum tempo. Após a Copa do Mundo, metade das equipes da Série A do Brasileirão passou a utilizar um novo estádio. Mas, ainda que isso cure uma série de problemas do futebol brasileiro, não houve a revolução que poderia ser esperada.
Os clubes só aproveitarão melhor as arenas quando toda a organização souber lidar com elas. Uma prova do quanto ainda existe resistência à mudança foi o pedido do Ministério Público para que o Palmeiras jogasse sua última partida no Pacaembu por questões de segurança.
Ou seja, um órgão público queria que o time abrisse mão de um estádio com toda a estrutura para promover segurança ao torcedor em troca de velhas práticas, como o uso do alambrado. A partida do último domingo, no Allianz Parque, deixou claro quão descabida era a proposta.
Nos dois últimos anos, foram vistos nos estádios novos todos os tipos de absurdos. Limitação de circulação, ausência de alimentação, ambulantes, transporte público desativado, entre outros. Os fatores, somados a uma precificação surreal dos ingressos e a um produto, o futebol, de péssima qualidade, fizeram das cadeiras vazias as maiores presentes do Brasileirão, mais uma vez.
Subir bilheteria é um detalhe pouco considerável no universo de arenas esportivas, mas foi o único objetivo atingido até aqui. Não há surpresas aqui; velhos hábitos precisam de tempo para morrer em paz.