O anúncio de Luiza Trajano para o cargo-chave na fiscalização dos gastos para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro é uma lufada de simplicidade na gestão do evento. Sai a figura pesada de Henrique Meirelles, com a administração do Banco Central nas costas, e entra a varejista de maior sucesso do país nos últimos anos, personagem que fala a língua do consumidor e, fundamentalmente, agrega credibilidade ao comando do já contestado orçamento olímpico.
Em tempos de crise ética generalizada no esporte, Luiza é uma estratégia certeira para ganhar a simpatia dos torcedores. Articulada pelo governo ou forçada pela desistência de Meirelles, a chegada da empresária traz os adjetivos justos a um cargo difícil e frequentemente colocado na berlinda.
Sua primeira incursão no mundo esportivo mostra compromisso com a idoneidade administrativa. Convidada a ser mecenas do time de basquete de Franca, cidade-sede da rede Magazine Luiza, ela aceitou dar ajuda financeira em troca da modernização do estatuto do clube, atualmente sob o comando de um comitê gestor por influência de Luiza .
Política, a executiva transita com facilidade entre situação e oposição, apesar da alardeada amizade com a presidenta Dilma Rousseff, e deve mediar os debates do comitê organizador e tomar decisões sem ser engolida por interesses partidários. Chefiar um império de mais de 700 lojas em todo o país é tão difícil quanto administrar egos. E esse é o principal desafio da versão olímpica de Luiza Trajano.