Há alguns anos, flagrei dois colegas com pouco envolvimento com o esporte, em conversa informal, questionando o Corinthians quando o clube anunciou, com polpa, a exposição da taça da Libertores. Para eles, não haveria motivo para maior mobilização para ver ao vivo um troféu como qualquer outro. Infelizmente, não pude ver a reação dos dois dias depois, quando foi formada uma enorme fila no Parque São Jorge.
O fato me foi marcante porque não imaginava que alguém desprezaria a importância de um símbolo esportivo conquistado. Hoje, com a tocha mobilizando milhões pelo país, é difícil conceber que alguém consiga menosprezar algo do tipo, que pode ser extremamente significativo para milhões ou simplesmente para um pequeno grupo de torcedores.
A criação de “objetos sagrados” é algo próprio do esporte, em comparação a outros meios de entretenimento. Isso porque a paixão que envolve o segmento está inserida em um ambiente de competitividade, e a vitória e a conquista final costumam ser simbolizada. Pode ser uma taça, uma medalha. No caso da tocha, a origem remete à vitória nas corridas, com a honra de acender a chama para os deuses.
É por essa importância que o revezamento da tocha é um evento único. O passar da chama por diversas cidades é um modo democratizar a vitória. As 12 mil pessoas que têm essa honra não vão esquecer, e elas não serão as únicas. Vibrar pela sua passagem, em sua cidade, é uma forma de participar ativamente da conquista.
Talvez nós não tenhamos um símbolo tão forte no Brasil por muitos anos, mas a comoção em torno da tocha e de suas ativações será uma eterna lição ao mercado esportivo no Brasil.
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