A garota se surpreendeu ao encontrar o atleta famoso passeando por Paris de maneira descontraída, acompanhado por um amigo. Não teve dúvidas: chegou até ele e puxou papo. Parecia interessada. Fez algumas perguntas. O jovem acreditou que tinha ganhado a sorte grande naquela tarde e tentou beijá-la. A garota resistiu ao assédio, tentando se esquivar. Mas ele a abraçou e continuou tentando agarrá-la.
O parágrafo acima poderia estar nas redes sociais relatando um caso de assédio na balada. Mas o ambiente em que o incidente ocorreu foi em pleno Torneio de Roland Garros. O atleta é o tenista Maxime Hamou, 22, 287º do mundo, que já havia sido eliminado da competição.
A garota é Maly Thomas, que longe de estar participando de uma micareta, gravava um boletim ao vivo para o programa Avantage Leconte, do canal Eurosport. A jornalista considerou o ataque “grosseiro”.
“Se não estivéssemos ao vivo, eu o teria socado. É uma situação desagradável, que reflete a relação entre homens e mulheres na vida cotidiana. Isto não deveria existir”, afirmou ela, em entrevista ao Huffington Post.
Atitudes como a do tenista felizmente já não são mais tratadas como “engraçadinhas” ou “uma simples brincadeira”. Isso é assédio. Com o agravante de ter criado uma situação constrangedora para a repórter ao vivo pela TV. Não se pode contemporizar incidentes como esse.
Em processo que se intensificou no ano passado, as mulheres reivindicam mais igualdade e a ocupação de espaços. Querem ser ouvidas e respeitadas na sociedade. O esporte não pode ficar indiferente a esse movimento.
Roland Garros agiu rápido e tomou a única atitude inteligente ante o episódio: puniu Hamou, cassando sua credencial. Lição que precisa ser aprendida por outros torneios, clubes e entidades esportivas.