Na última quinta-feira (7), o jornalista inglês Roger Bennett usou o prestigiado jornal “The Washington Post” para celebrar o que seria uma vitória pessoal: os Estados Unidos, mesmo fora do torneio, assistirão à Copa do Mundo.
Bennett contou que, em 1990, ficou assustado no país quando um bar se recusou a mudar o canal da televisão para exibir o Mundial, mesmo com a ampla audiência em todo o resto do planeta. Para ele, o cenário mudou: “o futebol nos Estados Unidos não precisa de um time na Copa do Mundo. Ele está aqui para ficar”.
Os argumentos do colunista estão nos números da audiência. Na Copa do Mundo do Brasil, o duelo entre Argentina e Alemanha de 2014 foi assistido por mais de 20 milhões de americanos, um número superior ao da primeira final da NBA desta temporada. Mais recentemente, mais de 3 milhões viram o time da sua cidade natal, o Liverpool, perder para o Real Madrid.
Não há dúvida de que o futebol mudou profundamente de status nos Estados Unidos. Agora, o que tem sido posto em dúvida não é a distribuição do esporte, mas sim o quanto esse novo envolvimento com o futebol é suficiente, pelo menos no lado comercial.
A verdade é que hoje se fala muito pouco de Copa do Mundo nos Estados Unidos, mesmo a uma semana para o time russo tocar a bola em Moscou. Pelo país, o esporte local sufoca qualquer movimentação, com o andamento da MLB (liga de beisebol do país) e da própria final da NBA.
O melhor jeito de furar esse bloqueio seria o time nacional, com todo o apoio patriótico do americano. Mas ele não está presente, mesmo após milhões de investimentos na MLS. As eliminatórias foram um vexame para o país.
O problema é que o maior evento esportivo do mundo não pode passar em branco pelo maior mercado do planeta. Hoje, mesmo com o alcance global do torneio, são poucos os patrocinadores do país no evento. McDonald’s, Coca-Cola e Visa parecem insuficientes para o maior PIB do mundo.
A solução poderia ser o retorno da Copa do Mundo aos Estados Unidos, algo possível em 2026. Em 1994, a passagem dos jogos pelo país foi a principal responsável pela atual mudança de status do torneio.
Mas nem isso chega a ser uma unanimidade. Também na quinta-feira, a jogadora mais famosa do país, a goleira Hope Solo, declarou que não apoia a candidatura americana. Para ela, o Mundial não se traduz em desenvolvimento esportivo para o país.
De qualquer maneira, envolver mais o mercado americano deve ser umas das prioridades para a Fifa nos próximos anos.