Eis que após quatro anos de espera começa mais uma Copa do Mundo. Em 2014, trabalhava como gerente de marketing esportivo e estive profundamente envolvido em diversos aspectos deste evento, tendo voado de um lado ao outro em 15 dos 64 jogos nos 32 dias de Mundial. Lembro dos protestos de “não vai ter Copa”, do Hino Nacional cantado à capela, da empolgação crescente até o fatídico jogo no Mineirão reiniciar o processo, que recomeça logo mais na Rússia.
O clima da Copa, exceto para os mais fanáticos, continua morno. Em linha com os cinco gols russos, destacaria cinco razões para isso:
1. Efeito 7 a 1: Pesadelo? Vexame? Tragédia? Sem dúvida nosso último capítulo em Copas foi um balde de água fria num tema que deveria estar fervendo.
2. Efeito êxodo precoce: na seleção titular, poucos tornaram-se ídolos antes de cruzarem o oceano em busca de euros ou yuans. Tite é uma exceção e, também por isso, sucesso popular.
3. Efeito condomínio: quando criança, minha turma pintava o asfalto e pendurava bandeiras verdes e amarelas pra decorar a rua. Esta mesma rua tem hoje casas com muros com arame farpado, sem crianças jogando bola ou enfeitando ruas.
4. Efeito gourmetização: ir no estádio pra ver o Brasil jogar é para poucos. Nas Eliminatórias, o estádio não lotava mesmo com a campanha irretocável da era Tite devido aos altos preços dos ingressos. Já nos últimos dez amistosos, apenas um foi no Brasil: o jogo da Amizade contra a Colômbia, sem os principais jogadores e na pré-temporada. Resultado: Engenhão vazio…
5. Efeito Fifa: Quando criança, poucas eram as lojas e marcas que não surfavam o tema Copa: figurinhas em chiclete, bolões com prêmios, TVs com garantia até a Copa seguinte, jingles, tudo ajudava a entrar no clima. Como a Fifa reduziu essa farra para proteger seus patrocinadores, caberia a Adidas, Coca, Hyundai, Visa, Bud e Mc Donald´s ativarem a Copa por aqui, “apoiados” por Nike, Itaú, Vivo, Brahma/Guaraná, Mastercard, Gol, Ultrafarma, English Life e Cimed jogando confete na seleção. Por razões diversas, estas marcas estão mais quietas do que em 2014.
Apesar destes efeitos, começou a 21ª Copa do Mundo. E quando o Brasil entrar em campo domingo, num passe de mágica teremos ruas vazias, turmas reunidas, parecendo que todo o Brasil deu a mão, ligado na mesma emoção, num só coração!
David Pinski é louco por futebol há 42 anos, marketeiro há 21 e está indo para a sua 2ª Copa do Mundo, a primeira como correspondente da Máquina do Esporte.