Mesmo sem perspectivas para a captação de um patrocínio ou mesmo apoio da iniciativa privada no curto e médio prazo, a Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) decidiu criar a Fórmula Brasil 2.0. Com a infra-estrutura deixada pela Fórmula Renault, extinta no fim do ano passado, a categoria começa cercada pela promessa de renovação e amparada em competições paralelas para diluição dos custos. “Queremos aproveitar os carros que já estão no Brasil. Nosso objetivo é a formação de novos valores, já que hoje nós temos só a Fórmula 3. Existe a categoria, só que com a saída da Renault ela ficou sem condições de sobrevida”, diz Paulo Scaglione, presidente da CBA. A montadora francesa também deixa os custos para as equipes, que já têm os carros, mas terão de gastar com mão-de-obra, deslocamentos e ainda arcarão com o ônus da organização dos eventos. Como simples supervisora da competição, a CBA cobra os débitos dos participantes por meio das taxas de inscrição. Segundo Scaglione, o valor de uma prova no Brasil varia de acordo com a região, sendo que São Paulo tem a maior despesa, cerca de R$ 100 mil. Com um grid prévio de 22 pilotos, a Fórmula Brasil custaria por volta de R$ 4,5 mil por corrida para cada participante, um valor muito alto para o atual panorama do automobilismo nacional. Com a categoria ainda ligada à Renault e não-estabelecida no mercado, a tendência é que não haja patrocínio e as transmissões fiquem restritas à uma TV fechada, cujo nome não foi revelado pelo dirigente. A ausência de apoio será superada, segundo Scaglione, pela ligação com outras provas. “Tem um calendário provisório das categorias para 2008. Se ela [Fórmula Brasil] for correr em Campo Grande, vamos olhar o que acontece na cidade no mesmo dia. Vai ser sempre moldada para ter outra prova junto. O valor da organização é cobrado nas taxas de inscrições, portanto, se tivermos três grids de 22 o custo para cada um será menor”, destaca o presidente da CBA. A ausência de patrocínio também não é vista como algo fora do normal pela cúpula da entidade. A própria Stock Car, sem apoio no início e atualmente a mais forte do país, é exemplo de que o mercado precisa ter certeza da estabilidade para investir. “Estamos lançando a categoria e tentando mostrar o potencial. Tem sempre os fabricantes de materiais ligados aos carros, mas isso vem a partir de algum tempo. A Stock começou inicialmente com os Opalas, sem qualquer patrocínio. Não existe a necessidade de ter um patrocinador master”, completa.