Às vezes precisamos parar e explicar uma tomada de decisão dentro da nossa empresa. Até a semana passada, seguindo nosso princípio de não dar espaço para notícias plantadas de patrocínios pretensamente espetaculares, estávamos firmes na ideia de ignorar a investida da Blackstar no Palmeiras.
A história começou a mudar quando foi noticiado que o clube havia feito uma série de perguntas para o potencial investidor. No final de semana, ganhou mais apelo quando o representante da empresa mjsteriosa divulgou um comunicado desancando o presidente do Palmeiras, Maurício Galiotte, acusando-o de ser antiprofissional ao exigir garantias sobre o patrocinador. Por fim, o não-negócio só passou a ser notícia quando o próprio Galiotte disse ao SporTV que não fechou o negócio, entre outras coisas, por ter recebido do banco HSBC a informação de que a garantia bancária dada pela Blackstar era falsa. Ou melhor, até existia, mas não pelo valor ali contido.
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Como já dissemos em diversas ocasiões, o esporte parece ser um palco perfeito para todo tipo de charlatanismo. E isso tende a ser uma modalidade global. Não é só o Brasil que recebe os mais variados tipos de proposta fantásticas para investimento no esporte. É só ver a tal oferta de US$ 25 bilhões que a Fifa tem para entregar os direitos comerciais de suas competições a um grupo de investimentos.
A notícia, no caso, não é a Blackstar aparecer com uma proposta mirabolante ao Palmeiras. Esse fato sempre foi solenemente ignorado por nós. E continuará sendo. A notícia, no caso, foi a maneira como o Palmeiras conduziu a história do patrocínio.
Numa época em que o debate sobre melhores práticas na gestão de entidades esportivas é tão importante, o que o Palmeiras fez soa como algo a se noticiar. O clube exigiu saber, de quem tem interesse em lhe patrocinar, se tem capacidade para se relacionar com uma instituição centenária, com milhões de clientes e que, há três anos, está entre as líderes do mercado no país. O futebol, às vezes, se esquece do tamanho que tem. E, muitas vezes, por necessidade de caixa, topa qualquer negócio.
O que preocupa, porém, é não ter a certeza de que esse movimento é para sempre. Muito provavelmente, se a Blackstar aparecesse em 2013 com uma proposta dessas ao Palmeiras, o negócio evoluiria sem qualquer dúvida. E a empresa logicamente não honraria seus compromissos com o clube. Mas, no apagar de 2018, há uma boa notícia a se celebrar no meio de um não-negócio no esporte brasileiro.