Alexandre Kalil que me desculpe, mas estádio de futebol não é lugar só para gente rica. Essa visão tacanha de qual a função de um estádio de futebol, aliás, é um dos motivos que faz o Brasil passar vergonha no quesito taxa de ocupação de suas praças esportivas nos dias de hoje, em que temos arenas modernas, investimentos em jogadores e menos gente do que deveria em campo.
A decisão do Palmeiras de criar ingressos “populares” para seu torcedor no Allianz Parque só foi tomada após muita reclamação não só de torcedores organizados, mas de pessoas comuns que se viram privadas do direito de acompanhar seu time no lugar que é mais emocionante: o campo de jogo.
A visão deturpada dos dirigentes brasileiros de que o estádio precisa ser um lugar de difícil acesso do público para aumentar a arrecadação é completamente estúpida do ponto de vista de estratégia de marca.
Um clube de futebol precisa entender que ele tem em mãos um produto único. A fidelização do cliente é plena, e a estratificação social de seu consumidor praticamente não existe: gente de todas as classes sociais quer consumir um time de futebol.
O estádio, como extensão principal de um clube, não pode simplesmente fechar as suas portas para consumidores.
Quando um dirigente diz que estádio é lugar para rico, mas não consegue deixar o seu estádio sempre lotado, das duas uma: ou o time que ele dirige não tem torcedores ricos o suficiente ou então ele não tem a mínima ideia do que está fazendo!
Um estádio de futebol com uma cadeira vazia é desperdício de dinheiro. De nada adianta o futebol querer majorar o preço dos ingressos porque o custo de manutenção de seu estádio ficou mais caro. Ele precisa achar um equilíbrio entre o produto que oferece, o perfil sócio-econômico de seu torcedor e o grau de interesse da partida. Só assim encontra-se um “preço ótimo” para ser cobrado em setores distintos do estádio.
O que mudou no Brasil da Copa do Mundo para cá foi a qualidade de alguns estádios. O produto ofertado para o torcedor, com raríssimas exceções, segue o mesmo. De baixa qualidade e pouquíssimo valor agregado. E os clubes precisam entender que tão importante quanto o faturamento da bilheteria é a taxa de ocupação do estádio.
De que adianta cobrar caro pelo ingresso se o torcedor não lota o espaço?
O futebol europeu e as ligas americanas, que tanto são usados como “exemplo”, não cansam de fazer promoções e achar meios de levar todo tipo de público ao evento esportivo.