A decisão da Disney de se desfazer do canal Fox Sports no Brasil mostra não apenas como o esporte é a parte menos importante do acordo bilionário que foi firmado no ano passado. A pouca vontade de manter os canais Fox e seus conteúdos com a ESPN revela que as empresas de mídia no Brasil não querem ter esporte em sua grade.
Custa dinheiro e dá pouco retorno.
Colocar os canais Fox à venda representa, para a ESPN, a garantia de que sua operação no Brasil seguirá superavitária. Ou pelo menos próxima disso. Adicionar um novo canal no portifólio e mais uma centena de profissionais é algo extremamente arriscado para a emissora no atual momento dentro do país. Os direitos de mídia dos eventos esportivos estão muito caros. E a receita com assinantes tem caído.
Muito mais fácil, para a Disney, é assegurar a fusão dos estúdios cinematográficos e lançar, o quanto antes, o sistema de streaming que reunirá dois dos maiores produtores de filmes e séries do planeta. Só o sucesso do aplicativo da ESPN nos EUA deixa claro que o consumidor já optou por consumir televisão por streaming.
E aí está o grande ponto de questionamento para o futuro dos canais Fox no Brasil. Se a Globo não pode comprar, e a ESPN também não pode ter, quem vai ter interesse em ter esse produto?
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A Fox tem hoje o futebol sul-americano como grande chamariz de sua grade de programação. E quase nada além disso. O problema é que a conta para ter esses eventos é salgada demais pelo retorno que não conseguem dar.
Restariam no mercado de televisão Band, Turner, Sony e Discovery como potenciais interessados na compra dos canais. A emissora brasileira está quebrada e vê uma disputa de poder dentro da família Saad. A Turner desistiu do Esporte Interativo na TV e aposta na diversificação de seus canais TNT e Space. A Sony flertou com o tênis feminino, mas o pouco caso que faz com as transmissões mostra que não há interesse. Restaria o grupo Discovery, que na Europa tem forte atuação no esporte, mas que por aqui sempre manteve-se distante da briga entre a Globo e as emissoras americanas.
Outra opção pouco provável seria o grupo DAZN querer entrar na TV e ficar com parte do bolo. Dinheiro não é problema, mas a estratégia do veículo, sim.
No final das contas, o Brasil, que até 2018 tinha cinco empresas donas de 12 canais esportivos, pode ver derreter, no período de um ano, quatro canais e duas empresas.
É duro, mas é algo bem mais próximo do real potencial desse mercado.