O Governo do Rio de Janeiro oficializou: Flamengo e Fluminense serão os gestores do Maracanã pelos próximos 180 dias. E ainda poderão renovar esse acordo por mais seis meses. Os dois times fizeram a proposta, mas, ao saírem vencedores, não necessariamente terão feito um bom negócio. O estádio dará trabalho à dupla.
Em teoria, as equipes se livrariam do aluguel ao Maracanã, o que daria mais espaço para lucrar em jogos. Ter o saldo significativo em bilheteria tem sido um desafio para ambos os times no estádio. O Fluminense, por exemplo, teve prejuízo em 19 dos 24 jogos que mandou no Maracanã em 2018. O time fechou a conta de ingressos no vermelho na última temporada.
O aluguel não é sempre o maior peso. No final de semana passado, pela final da Taça Rio, Flamengo e Vasco se enfrentaram no Maracanã para quase 40 mil pessoas, com bilheteria de R$ 1,3 milhão. Mas, no fim da partida, ambas as equipes levaram para casa cerca de R$ 50 mil.
O aluguel do estádio pesou; foram R$ 150 mil para jogar no Maracanã. Mas muito mais significativas foram as despesas operacionais da arena: R$ 432 mil.
As despesas se juntarão a uma mensalidade de R$ 230 mil que será paga ao Estado do Rio de Janeiro. E uma manutenção que, segundo a Odebrecht, chega perto dos R$ 30 milhões ao ano. É um valor superior ao faturamento bruto do Flamengo com bilheteria ao longo do Brasileirão de 2018.
Recentemente, a construtora afirmou ao jornal “O Globo” que diminuir os valores de custo de operação, algo já arcado pelos times, não é mais possível. “A única forma de isso acontecer é o governo passar a subsidiar o futebol”, comentou a companhia.
A solução seria gerar novas receitas para a arena, mas essa também não é uma missão simples, especialmente em curto prazo. O estádio já conta com alguns patrocinadores, o que não atenuou o forte prejuízo da arena nos últimos anos.
No Brasil, o melhor caso em questão de arenas envolve o Allianz Parque, com alta venda de camarotes. O principal responsável por isso, no entanto, é a agenda de shows do estádio. Atualmente, os espaços de luxo da casa palmeirense que ainda estão à venda são atrás do local onde os palcos são montados, o que reforça o peso dos eventos.
Essa, no entanto, não poderá ser a realidade do Maracanã. Segundo o edital de concorrência mais recente, o futebol e o vôlei, no Maracanãzinho, terão que ser priorizados. Além disso, o Allianz Parque conta com uma agência focada no assunto, algo distante para Flamengo e Fluminense.
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No comando do Maracanã entre 2013 e 2019, a Odebrecht ficou com um prejuízo de cerca de R$ 250 milhões com o estádio. Os clubes terão as bilheterias para cobrir os custos, mas lucrar com o local será um desafio à parte.