A saída de German Hartenstein do comando da ESPN após quase 15 anos indica que o mercado de mídia deve entrar numa era de intensa modificação. A chegada de executivos que estavam na Fox para dentro da emissora mostra que a Disney decidiu dar um novo direcionamento para a ESPN.
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Isso deve significar um novo estilo de posicionamento da emissora no mercado de negociações, principalmente no que se refere aos direitos de transmissão. E o reflexo desse movimento naturalmente deve chegar até o consumidor final.
Nos últimos anos, a Fox adotou uma estratégia agressiva de aquisição de direitos de transmissão de eventos envolvendo mercados locais na América Latina. A emissora conseguiu manter-se forte na Libertadores e, também, entrou com sucesso em algumas disputas em outros países, como na Argentina, onde, junto à ESPN, comprou os direitos do campeonato nacional.
Esse estilo mais arrojado de negociação deve permear as próximas movimentações da ESPN no mercado. E, assim, as disputas pelos principais direitos de transmissão devem ficar mais acirradas, ainda mais com a chegada definitiva do DAZN.
O próprio destino ainda incerto do Fox Sports é um sinal de que muita coisa ainda deve acontecer nos próximos meses. Como a Disney tem até o final do ano para se desfazer, no Brasil, dos canais recém-comprados, a partir de 2020 é bem possível que a Libertadores passe para a ESPN. Afinal, quem negociou a compra pela Fox está agora com a caneta na ESPN.
A troca de comando também pode significar um novo destino para a Libertadores no Facebook aqui no Brasil. Nos outros países da América Latina, em que a Fox e a ESPN puderam passar a operar em conjunto, a emissora obteve uma vitória, acabando com a exclusividade da rede social e fazendo uma composição para que mais jogos fossem tanto para o Fox Sports quanto para o Facebook, sem exclusividade.
A questão é saber se ainda haverá tanto dinheiro para investir em compra de direitos de transmissão. Parte das mudanças desses últimos anos se deve a um novo direcionamento dado pelas emissoras às suas verbas. A Globo reduziu o aporte nas competições de outros esportes e abriu mão da Liga dos Campeões. Ninguém se interessou pela Copa Sul-Americana. A Libertadores fatiou-se em várias empresas.
Um novo cenário de disputa de direitos, mas sem injeção de capital, pode levar a uma era de divisão de eventos em várias mídias. Com isso, o consumidor só tende a ganhar.