É curioso, ainda que incomum, quando clubes brasileiros adotam o discurso de internacionalização de marca. Normalmente, eles partem de medidas muito pouco efetivas, como realização de amistosos no exterior ou tradução das redes sociais em outros idiomas. O que realmente importaria, a transmissão dos principais torneios, costuma ficar de lado no planejamento das equipes.
Quem já viveu fora do país sabe que o futebol brasileiro é totalmente invisível. Nos Estados Unidos, por exemplo, o Campeonato Brasileiro vem apenas na versão nacional, em português, por um pacote do Premiere com a Globo, por US$ 25. Libertadores, um produto mais interessante, está apenas no BeIN Sports, rede que não faz parte da Comcast, maior operadora de TV a cabo do país. Ou seja, quem quer assistir aos jogos têm que se esforçar para isso. É coisa para torcedor fanático.
De maneira geral, é ainda pior. Em países europeus e asiáticos, normalmente a solução fica restrita a rádios on-line.
A solução encontrada pelos times brasileiros, com transmissão pela internet, é perfeitamente válida, mas limitada. Com os jogos na internet, os times conseguem alimentar aqueles torcedores que vivem fora do país, com uma conexão direta a um fã que estava fora do radar.
LEIA MAIS: Clubes da Série A usam redes sociais para exportar Brasileirão
O número de brasileiros no exterior varia entre diferentes órgãos. No mais alto, o Ministério das Relações Exteriores fala em 3 milhões de pessoas. É a população de Brasília, espalhada por diversos times. Ou seja, nada que vá fazer grande diferença.
Não existe muito segredo para o sucesso no exterior, e o próprio Brasil é uma prova disso. Alguns institutos de pesquisa, como Ibope/Repucom e Stochos, já apontaram o crescimento da popularidade dos times europeus na última década. Não é por acaso que foi nesse período que a Globo abraçou a Liga dos Campeões. Hoje fora da televisão aberta, a tendência é que os times percam espaço no coração dos brasileiros, mesmo com outras ações de marketing para internacionalizar a marca.
Marketing, na essência, envolve quatro pilares. Entre eles, a distribuição. A transmissão é uma forma de entrega do produto aos consumidores no mundo do futebol e, no Brasil, isso ainda é feito de maneira no mínimo simplória.
As negociações individuais e a ausência de um representante formal do torneio fazem com que as vendas para o exterior sejam dificultadas. As iniciativas digitais das equipes são interessantes, mas ficam muito longe de verdadeiramente exibir o futebol nacional mundo afora.