Em 2016, o DAZN surgiu provocando uma revolução no mercado de mídia da Alemanha. Com a compra dos direitos de transmissão da Champions League, o serviço de streaming mostrou para o mercado que o modelo da Netflix estava começando a chegar também para abalar a estrutura do esporte.
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A entrada de novos competidores pelos direitos de mídia trouxe uma outra realidade para o esporte. Em vez do sistema tradicional de comercialização com as emissoras de TV, apareceu alguém com apetite e dinheiro para investir. O salto que temos visto desde então nos valores de mídia dos eventos esportivos é brutal, devendo fazer dobrar a boa verba que já ganha o esporte com direitos de mídia até o ano de 2025.
Só que, diferentemente do mercado de filmes e séries, não vai existir no esporte alguém que seja tão rompedora do modelo como foi a Netflix.
Primeiro, pelo fato de que as empresas de mídia aprenderam com a revolução causada pelo streaming. A Netflix foi tão pioneira e inovadora que só agora, 12 anos após o serviço de streaming ser lançado e a própria Netflix ter um pouco antes acabado com a Blockbuster, que as produtoras de conteúdo viram que elas tinham de ter sua própria plataforma de streaming e abandonar o tradicional modelo de TV por assinatura. Os canais de esporte tiveram tempo para lançar seus apps e comprar esses direitos.
O segundo motivo é a própria dinâmica do direito de transmissão. Quem produz o conteúdo é o esporte, não a emissora. Isso faz com que o poder de escolha de como o evento será transmitido não seja do canal, mas do esporte. Se os atores fossem donos dos filmes e tivessem a mídia como meio, a Netflix dificilmente prosperaria.
O terceiro ponto, crucial, é a característica do evento esportivo. A revolução que houve no cinema foi a de que o consumidor passou a ter o poder de escolha sobre o horário e o local para assistir ao conteúdo. No esporte, a grande força está no “ao vivo”. E isso leva a outro problema para um modelo de streaming: ter estrutura para aguentar o peso de conseguir reunir muita gente consumindo ao mesmo tempo.
No final das contas, o streaming obviamente vai ocupar seu espaço dentro do mercado de mídia. Mas, diferentemente do que aconteceu na indústria do cinema, em que a Netflix revolucionou a distribuição do conteúdo, no esporte o streaming chega para atender à demanda reprimida e ser mais uma opção, assim como a TV.
O desafio, na verdade, é fazer disso um negócio sustentável para as empresas de streaming.