O Brasileirão de 2019 está sendo um dos mais desequilibrados da história. Se não bastasse a enorme diferença de pontos do campeão Flamengo em relação aos demais, este domingo (1º) mostrou para todos a verdadeira distância do time para os rivais, com vitória fácil sobre o Palmeiras, clube com maior faturamento do futebol nacional, no Allianz Parque. O torneio foi um vexame para as outras 19 equipes.
Em teoria, um time ser muito superior aos seus rivais é algo que pode acontecer em qualquer temporada, como acontece nas principais competições da Europa. O problema foi o modo como isso aconteceu no Brasil, quase ao acaso. O modo pouco planejado com que o supertime do Flamengo foi montado é mais uma demonstração do quanto os clubes tratam mal o produto do futebol, que resulta em um nível técnico muito baixo em campo. O que, obviamente, é péssimo para o negócio esportivo.
Para quem duvida, vale a lembrança de que o Flamengo trouxe o atual técnico, Jorge Jesus, apenas no meio do ano, após fracassar com Abel Braga, a primeira aposta da atual diretoria do time. São profissionais com perfis distantes, o que mostra que o clube fez escolhas que apenas eram convenientes no momento. Além disso, dos 11 titulares do time, oito foram contratados ao longo da temporada de 2019, algo distante do que se imagina em um time altamente planejado para vencer.
Não é por acaso que o pior momento do Flamengo nos últimos meses foi durante os primeiros 80 minutos da final da Libertadores. O River Plate, treinado há cinco anos pelo mesmo técnico, foi claramente superior em campo, algo que só tornou a conquista dos cariocas ainda mais heroica. Foi uma clara amostra de que um planejamento maior no campo pode render resultados melhores. Ao final do jogo em Lima, ficou uma pergunta desagradável: como se sairia o River Plate no Brasileirão? É provável que a equipe argentina tivesse mais facilidades do que o desejável.
Cuidar melhor do futebol é algo ainda distante do Brasil. O Flamengo chegou ao sucesso após uma série de contratações que não deram certo, além de um amontoado de treinadores que não completaram um ano no cargo.
Em São Paulo, o cenário é de mesmice: o Palmeiras demitiu o técnico Mano Menezes, mesmo com seu histórico vencedor, graças a um começo abaixo do esperado; foram apenas 20 partidas do treinador. Com ele, deverão ser descartados diversos jogadores que custaram milhões ao clube. Nesse caminho, o nível técnico nos estádios brasileiros permanecerá muito baixo.